Foto: Marcos Fabrício

A quase desconhecida história de quem é considerado o primeiro abolicionista e ativista negro do Brasil foi contada no último fim de semana no palco do Cinema Público Municipal Henfil. O projeto “Maricá em Cena” apresentou o espetáculo ‘Luis Gama – Uma Voz pela Liberdade’ que resgata a trajetória do baiano vendido como escravo e que se tornou advogado e escritor, sempre defendendo a causa da libertação dos negros, tendo conseguido alforriar a si próprio e a outros cerca de 500 como ele em seus 52 anos de vida. No palco, os atores Del Garcez e Nívea Helen interpretam e narram, através de sua poesia, as dificuldades e o legado deixado por Gama, desde o perfil de sua mãe negra aos conselhos deixados ao filho Benedito em uma última carta.

Ao final da peça, o elenco revela que o reconhecimento à importância de Luis Gama só veio no século 21. Em 2015, 133 anos após sua morte, a Seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil lhe concedeu o título de “advogado”, uma vez que não era formado e atuava como “provisionado”.

“Para mim foi uma grande realização interpretar uma história tão rica quanto a dele. Eu sempre me opus a toda e qualquer forma de injustiça e Luis Gama foi um lutador contra a maior de todas que foi a escravidão”, disse Del Garcez. Para Nívea Helen, é uma história que precisa ser apresentada aos brasileiros. “Nossa história e nossas origens costumam ser negadas pelas escolas, pelo ensino regular. Não sabemos nem mesmo qual é nossa origem racial verdadeira. Gama sabia e nos estimula a conhecer também”, acredita a atriz.

Na saída do Cinema Henfil, o público falou da impressão sobre o espetáculo. “Fiquei chocada por jamais ter ouvido falar nele e sua vida. Impressionante como sabemos pouco sobre nós”, disse a funcionária pública Tatiana Andrade, de 37 anos. Ao lado dela, a artista plástica Bianca Branco disse que sabia muito pouco sobre o personagem. “Foi a primeira vez que ouvi mais profundamente sobre ele”, contou ela, que tem 48 anos e mora em Itapeba.

Um grupo de amigos que mora na Zona Oeste do Rio, aproveitou a passagem por Maricá para conferir o espetáculo e também conhecer o espaço. “O espetáculo é lindo e a iniciativa de promover cultura de graça para a população é excelente, todos os municípios tinham de fazer o mesmo”, sugeriu a funcionária pública Bárbara Nogueira Pimentel, de 42 anos, que é da Barra da Tijuca e estava acompanhada do cabeleireiro Luiz Felipe Barbosa, 28 anos, e do professor universitário André Luis dos Santos, de 43.

O espetáculo também vai estar em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro do Rio.

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