No último sábado (18/02), a programação de teatro do Cinema Público Henfil trouxe o monólogo “Perfume de Gardênia”. A peça foi interpretada por Adalmir Cardoso, com direito a debate sobre o personagem principal, experiência de vida e preconceitos. Os espectadores permaneceram atentos e deram algumas risadas com as contradições da personagem Doralinda, vítima de um ato extremo de homofobia que, presa para averiguação, expunha as contradições humanas através de respostas a pessoas invisíveis que oscilavam do êxtase à tristeza, até o limite da loucura.
Produtor cultural, Rodrigo Freitas (35 anos), morador de Inoã, e a amiga Camilla Loman (24 anos), analista de projetos culturais, moradora de Itaipuaçu, indagavam sobre a construção da personagem e a técnica utilizada por Adalmir para quebrar o tabu do homossexualismo. Heterossexual e evangélico não praticante, o ator admitiu ter tido muita dificuldade, principalmente pelo fato do trabalho ter sido construído baseado em pesquisa documental, através de artigos baseados na morte de um transexual assassinado em Portugal, um país considerado conservador. O solo é de autoria de Delcio Teobaldo.
“Doralinda é um desafio porque é muito diferente de mim. Mas essa dificuldade foi justamente o que me chamou para o trabalho porque eu não sabia nem como virar a mão. Eu quero que as pessoas saiam daqui pensando que em 5 minutos podem cometer o mesmo crime, e não irem apenas embora”, analisou Adalmir. “O objetivo desse trabalho é a desconstrução do preconceito. Temos que ter consciência que fazemos mal de muitas maneiras. E mais importante de sabermos o porquê fazermos isso, é sabermos que precisamos lutar contra isso”, acrescentou. A próxima apresentação será a da peça “Alma Cega”, em 04/03, a partir das 19h. A entrada é gratuita, mas é importante chegar com meia hora de antecedência.
Presente na plateia, a secretária de Cultura, Andrea Cunha, aproveitou a oportunidade para falar sobre algumas ações culturais que vão acontecer na cidade e a expansão das atividades para escolas e comunidades. “Arte é alimento para a vida do ser humano, capaz de transformar uma sociedade. Com ela, a educação fica mais interessante e lúdica. Vamos ter uma intensa programação de teatro adulto e infantil de março a dezembro e traçar uma meta nas comunidades para realizar um bom trabalho cultural e amenizar essa vulnerabilidade social”, contou animada.
