Grupos afro realizam 16ª edição da lavagem da escadaria da igreja matriz

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Ritual ocorreu no sábado (10/01) e contou com a participação de grupos afro

Neste sábado (10/01), foi realizada a 16ª edição lavagem da escadaria da igreja matriz Nossa Senhora do Amparo, no Centro de Maricá. A cerimônia, que ocorreu das 17h às 21h, contou com a presença de aproximadamente 300 pessoas, incluindo os integrantes das casas de terreiro de tradição Afro-Brasileira (Umbanda e Candomblé), que esse ano recebeu adesão de novos grupos. Coordenado pela Fonte para Orientação Religiosa de Matriz Africana (Forma), o evento teve apoio da Prefeitura de Maricá, através das secretarias adjuntas municipais de Assuntos Religiosos, Turismo, Cultura, Segurança Pública e Direitos Humanos.

O cortejo religioso saiu às 17h da Praça da Bandeira, também no Centro, com primeira parada na Câmara de Vereadores, para lavagem da calçada e portão do prédio. Em seguida, os membros caminharam até a igreja matriz, onde foi iniciada a lavagem da escadaria, com porrões (vasos) contendo água de cheiro e folhas (pèrègún), utilizadas para afastar ‘maus fluidos’. A novidade este ano, foi a participação dos Guardiões do Sagrado, 35 capoeiristas do grupo Filhos do Kikongo, do Engenho do Roçado, que ladearam as baianas, todos entoando cânticos de paz. Após a solenidade, os Filhos de Kikongo apresentaram números de capoeira e roda de samba, tradição cultural das minorias urbanas e rurais do Brasil até a primeira metade do século XX (cortadores de cana, pescadores, marinheiros).

Segundo o babalorixá Antonio Jonas Chagas Marreiros (‘Pai Liminha’), presidente da Forma, a importância do reconhecimento oficial das religiões de matriz africana pelo poder público e pela comunidade gratifica os que lutam por ela. “Lavamos também os portões da Câmara Municipal, como apoio espiritual aos parlamentares”, disse. Pai Liminha ainda fez agradecimentos aos apoiadores do evento. “Em especial, ao apoio dado pelo atual governo municipal, que se destaca no combate ao preconceito e inclusão das minorias, o que estamos vivenciando agora. Percebemos que esse preconceito está desaparecendo aos poucos no município. Fomos lanchar no comércio local após o evento e não sentimos a discriminação que acontecia. Antes, as pessoas torciam o nariz e desviavam o olhar, devido às vestimentas dos participantes”, contou Liminha.

Realizada há 16 anos, a lavagem em Maricá é a terceira maior no Brasil, ficando somente atrás da famosa lavagem da Igreja do Bonfim, em Salvador (BA), que ocorre há mais de 120 anos, e da Igreja São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, realizada há 20 anos. Além disso, o ritual integra o calendário oficial de eventos do município, após sanção da Lei nº 2512, de 20/05/14, publicada no Jornal Oficial de Maricá (JOM), de 11/06/14. O evento tem como um de seus objetivos a confraternização em homenagem às nações afro que chegaram ao Brasil, como Angola, Ketu, Geje, Ijexá, Xambá, Efon e Mussurumim, além da brasileira Umbanda.