Mostra permanente sobre a história de Maricá será aberta na próxima terça

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A enfermeira Renata animou até os mais tímidos

Inserida na programação do Dia da Padroeira da cidade de Maricá, Nossa Senhora do Amparo (15.08), a prefeitura abre as portas da Casa de Cultura para um resgate da história do município. A partir desta terça-feira, dia 14.08, quem tiver curiosidade poderá viajar no tempo e conhecer peculiaridades da memória maricaense no Museu Histórico que passará a funcionar no segundo andar da casa. A visitação é gratuita.

A preparação do acervo, uma iniciativa da secretaria municipal de Cultura, contou com a ajuda de Cezar Brum, professor das disciplinas de História e Geografia das redes municipal e estadual de ensino. Brum se dedica há 30 anos ao resgate da história da cidade. Para Cezar, o grande desafio da iniciativa foi o de reunir objetos que realmente façam parte da memória. “Tivemos o cuidado de manter contato com a comunidade para buscar peças que tragam as raízes antropológicas do povo de Maricá”, destaca o pesquisador, também autor do livro “Contando a História de Maricá”, lançado em 2004 e prester a ter publicada a segunda edição.

A montagem do acervo do museu, que reúne mais de mil peças, foi obtida através de objetos doados por famílias da cidade tanto quanto de peças angariadas em regime de comodato. Antes de serem expostas, todas passaram por um processo minucioso de limpeza, que incluiu restauração à base de óleo de linhaça e vaselina – importantes para evitar o ressecamento – e etiquetamento como forma de facilitar a catalogação da mostra.

Exposição das peças

No segundo salão estão expostas as peças que remetem ao período anterior à abolição da escravatura. O acervo inclui chaves de senzala, instrumentos de tortura – grilhões que eram presos no pescoço ou nos tornozelos dos escravos – o conhecido pilão grande (utilizado para moer grãos) e um menor, que os escravos utilizavam para “bater tempero” e preparar as próprias refeições com as sobras dos patrões. Registrando o momento econômico de Maricá, Cezar Brum organizou itens que mostram o ciclo do café e da cana de açúcar. São antigos moinhos de grânulos de café, bem como garrafas de aguardente artesanal.

A parte política vem em seguida,. Com peças de mobiliário doadas pela família de José Antonio Soares Ribeiro, o Barão de Inohan (criador da Estrada de Ferro de Maricá e proprietário de dois engenhos na região), a última sala do museu está decorada com mesa de chá, namoradeira e quadros alusivos à época. O próprio salão em si tem importância mais que fundamental: foi nele, em 1868, que a cidade recebeu, em sessão solene na então Casa de Câmara (equivalente à atual Câmara de Vereadores) a visita ilustre da Princesa Isabel e de seu marido, o Conde D´Eu. Segundo Cezar Brum, a princesa e o conde teriam vindo a Maricá para conhecer o Jongo, um tipo de dança típica dos escravos. Além de observar o material, justamente por isso é interessante considerar a própria Casa de Cultura como um item da exposição permanente, com sua construção característica do período colonial.

Já na parte dedicada aos períodos mais recentes há muito também o que ver. Na área da saúde, o público poderá conferir, por exemplo, artigos dos antigos boticários existentes na cidade, um esterilizador da década de 40, um microscópio da década de 50 e balanças antigas. A presença dessas peças guarda relação direta com o nascimento de Maricá. Segundo Cezar Brum, um dos motivos que possibilitaram o crescimento do centro da Vila de Maricá foi o avanço de doenças epidêmicas, como a malária. “A cidade nasceu em São José do Imbassaí. A partir de 1755, a população começou a fugir para não ficar doente e então surgiu a Vila de Maricá”, ressalta.

Mais recentes

Outros pontos importantes da exposição são a partitura do Hino Oficial de Maricá doada pelo filho do autor, o poeta fluminense Mario Barreto França e um violino, de mais de 150 anos de idade, que pertenceu a um músico maricaense conhecido como Pontes, que por mais de 30 anos tocou em missa e em casamentos na Igreja Nossa Senhora do Amparo. Ainda na parte musical, estão presentes um gramofone, totalmente restaurado, de 1900, assim como vitrola e os LP´s dos cantores locais Bráz Alonso e Jair Moreno. Um dos discos, segundo o organizador, vendeu mais de 100 mil cópias. Ainda na mostra é possível acompanhar a história geral da moeda brasileira desde os réis até o real; a exibição de máquinas fotográficas das décadas de 50 e 60; a evolução dos telefones convencionais e móveis e até da televisão, já que o museu expõe um aparelho fabricado em 1959.

A visitação estará aberta ao público a partir da próxima terça-feira (14.08). Localizada na Praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro, a Casa de Cultura funciona de segunda à sexta, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 13h às 17h.