Cineclube Henfil homenageia os negros no mês de maio

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As sessões são sempre às quartas-feiras, às 19 horas, na Casa de Cultura de Maricá

No mês de comemoração da abolição da escravatura no Brasil, o Cineclube Henfil, um projeto da secretaria municipal de Cultura de Maricá, vai prestar uma homenagem aos negros. Nas cinco quartas-feiras do mês de maio serão exibidos filmes relacionados ao tema. O Cineclube é realizado às 19 horas, na Casa de Cultura de Maricá – na Praça Dr. Orlando de Barros Pimentel, no Centro.

Segundo o secretário municipal de Cultura, Sérgio Mesquita, a secretaria aproveita a proximidade com dia 13 de maio para propor uma reflexão sobre a importância do negro na formação cultural e social do Brasil. “É uma forma de resgatarmos a história de nosso país”, destacou o secretário.

Na próxima quarta-feira, dia primeiro de maio, será exibido o filme brasileiro, de 1960, “Bahia de Todos os Santos”. Dirigido por Trigueirinho Neto, o filme faz parte do fenômeno baiano que marcou os primeiros cinco anos da década de 1960 do cinema brasileiro e é considerado um precursor do cinema novo. O filme conta a história do jovem Tônio, estrelado por Jurandir Pimentel, que vive oprimido pela miséria e pelo preconceito. Abandonado pelo pai branco, mãe negra doente, ele vive com a avó, Mãe Sabina, que mantém um terreiro de Candomblé, alvo de perseguição policial. O longa foi filmado nas ruas, praias e no cais de Salvador, mostrando a vida dos meninos pobres e marginais e marca a estreia de Antônio Pitanga no cinema.

No dia 08 de maio, é a vez da exibição de “Quilombo” uma coprodução brasileira e francesa, de 1984, dirigida pelo cineasta Cacá Diegues, um dos fundadores do cinema novo. O filme narra a história de um grupo de escravos que se rebela e ruma ao Quilombo dos Palmares, onde existe uma nação de ex-escravos fugidos que resiste ao cerco colonial, entre eles Ganga Zumba, um príncipe africano.  O roteiro foi baseado nos livros Ganga Zumba, de João Felício dos Santos e Palmares, de Décio de Freitas. Dentre alguns prêmios, “Quilombo” foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1984, na França e, no mesmo ano recebeu prêmio no Festival de Miami, nos EUA, e no 24º Festival de Cinema de Cartagena, na Colômbia.

No dia 15 de maio, o Cineclube Henfil apresenta o documentário “Cais do Valongo, sangra da terra”, de direção do cineasta Wavá de Carvalho, morador de Maricá. O documentário é considerado um dos marcos de resgate na real história de miscigenação racial brasileira. O filme narra a descoberta em pleno século 21, no Rio de Janeiro, das ruínas de duas construções históricas: o Cais da Imperatriz, construído para receber Teresa Cristina que veio para casar-se com Dom Pedro II e o Cais do Valongo, considerado o maior porto de escravos das Américas do séc. XVIII. As redescobertas foram achadas durante as obras de drenagem da zona portuária do Rio de Janeiro, que faz parte do projeto Porto Maravilha. O Cais da Imperatriz foi construído sobre o Cais do Valongo para maquiar os vestígios da escravidão. No fim da exibição, haverá a palestra do diretor do documentário Wavá de Carvalho de como foi produzido o filme.

No dia 22 de maio, será a exibição de “A Paixão segundo Callado”, de duração de 52 minutos. Sob a direção de José Joffily, o documentário relembra a trajetória de vida do jornalista e escritor Antonio Callado (1917-1997). Conta sua visita a Europa em guerra, no Xingu dos índios Uialapiti e Kamaiurá, no Vietnã do Norte em luta contra os Estados Unidos, no Nordeste das Ligas Camponesas, e também sua obra, toda dedicada à descoberta do Brasil e a denunciar as injustiças contra índios, negros, camponeses e mulheres. O filme mescla depoimentos de amigos e conhecedores do universo literário do escritor com sequências de imagens que levam o espectador ao rico imaginário de sua obra. A obra jornalística e literária de Callado – conforme afirmam no filme Carlos Heitor Cony, Fernanda Montenegro, Moacyr Werneck de Castro, Frei Betto, Ferreira Gullar, João Ubaldo, Villas Bôas Corrêa, entre outros – permanece como uma incursão ao Brasil real e ao desejo daquilo que o país ainda pode ser.

Encerrando a programação do mês de maio, na última quarta-feira, dia 29/05, será a vez da exibição do filme brasileiro “Xica da Silva”, de 1976. Dirigido por Cacá Diegues, o filme é baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos e conta com Zezé Motta e Walmor Chagas nos papéis principais. O filme conta a história de uma escrava que, após seduzir o milionário João Fernandes se torna uma dama na sociedade de Diamantina. Ela passou a promover luxuosas festas e banquetes, algumas contando com a exibição de grupos de teatro europeus. Sua ostentação fez com que sua fama chegasse até a corte portuguesa. O longa venceu o Festival de Brasília de 1976 nas categorias: melhor filme, melhor diretor e melhor atriz para Zezé Motta.

Cineclube Henfil
Como as vagas são limitadas por sessão (40 lugares), a secretaria distribui senhas 30 minutos antes da exibição do filme. Informações pelo telefone 3731-1432 ou pelo e-mail cineclubehenfilmarica@gmail.com.