Objetivo é disseminar informação na tentativa de diminuir o preconceito e a intolerância religiosa - Foto: Katito Carvalho

Um workshop com o tema “Aplicação de Programação Neurolinguística (PNL) nos cultos de matriz africana” foi realizado no último sábado (16/09), no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), na Mumbuca. O evento, aberto ao público, foi promovido pela Matriz Africana, vinculada à Coordenadoria de Assuntos Religiosos, ligada à Secretaria de Cultura de Maricá. O objetivo do curso é disseminar informação na tentativa de diminuir o preconceito e a intolerância religiosa, além de empoderar os adeptos dos cultos de matriz africana através de palestras esclarecedoras que abordam além da religião, filosofia, gastronomia, cultura e a ciência.

“Esse é o nosso primeiro workshop sobre PNL nos cultos de matriz africana e queremos mostrar que a nossa crença vai além dos cultos e que a parte filosófica, gastronômica, cultural e científica presentes em todas as variáveis das religiões de matriz africana são enriquecedoras e podem transitar pela cultura, ciência e pela religião. Após essa aula meu desejo é que as pessoas do candomblé e da umbanda possam virar e dizer com embasamento que são programadores neurolinguisticos”, afirmou Danielle Pacheco, coordenadora da Matriz Africana.

Estudante de direito e Ekedi (assistente) no Candomblé há 9 anos, Adriane Alexandre palestrou sobre o que ela chamou de “empoderamento do povo de matriz”. “Devido a essa onda de intolerância religiosa temos a dificuldade de nos empoderar diante do preconceito e da desinformação”, afirmou. “Estamos tendo vários episódios de violência conta os cultos de matriz africana, então o empoderamento precisa ser feito através da educação e do conhecimento para que todos tenham propriedade na sua fala, orgulho da sua religião e saibam argumentar com embasamento”, explicou. “Ainda carregamos aquele estigma dos escravos e ainda há pessoas que nos veem como um povo ignorante, incapaz, de pouca instrução, um povo que mata bicho, um povo canibal. É um pensamento atrasado e primitivo a nosso respeito. Nossa religião é demonizada por aqueles que a desconhecem, por aqueles que a ignoram e nós sofremos muito com isso”, relatou. “Por isso, mais que provar que somos da paz, precisamos de outro caminho e esse caminho é o da informação e o da educação, então esse workshop é uma parte de um projeto maior, com vários outros cursos, que nós temos em parceria com a Coordenação de Assuntos Religiosos”, disse.

Entre os ouvintes estava Enrique Cabral, morador de Guaratiba e diretor de carnaval da escola de samba União de Maricá, que aproveitou a oportunidade para falar a respeito do culto da “Nação Africana”. “Sou envolvido com a Nação Africana, que é uma ramificação do candomblé e digo que esse evento aqui é sensacional e por isso quis contribuir falando um pouco da formação dos pais de santo da minha formação, que é diferente da formação feita no candomblé e da umbanda”, explicou. “Esse estudo apresentado aqui sobre a neurolinguística é sensacional. Esse é um evento incrível para quem é leigo, para quem é frequentador e para quem já é formado como os pais de santo”, avaliou Enrique.

Darunde Oya, babalorixá há 25 anos, responsável por aplicar o workshop, afirmou que apresenta em seus cultos de matriz africana o curso de programação neurolinguística com o objetivo de comprovar que dentro da sua religião existe ciência. “Tudo o que nós fazemos os nossos ancestrais já faziam há 500 anos. O meu intuito maior em fazer esse trabalho e levar empoderamento para nós mesmos. A melhor ferramenta para nos ajudar nessa caminhada é o autoconhecimento e dentro da própria religião ainda há pessoas que desconhecem a sua origem, sua história. Nossa religião é fé, mas é também ciência”, frisou Darunde Oya.

A coordenadora Danielle Pacheco fez questão de afirmar que o governo é inclusão e de unidade. “Além desse projeto também temos o curso de Teologia Básica da Umbanda, que também acontece aqui no CEU, além de muitos outros projetos de matriz africana que acontecem em todo o município”, lembrou. “Todos os meses faremos um workshop visando acima de tudo levar informação, conhecimento e combater a intolerância religiosa”, anunciou. As datas, assim como os locais e horários serão posteriormente divulgados através das redes sociais e do site da Prefeitura.

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