Prefeitura de Maricá realiza projeto cultural sobre o Golpe Militar de 1964

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Projeto cultural sobre o golpe militar durante o mês de março.

Filmes, palestras e shows serão realizados durante o mês de março

Durante todo o mês de março, a Prefeitura de Maricá realiza o projeto cultural “Golpe de 64 – A História que não foi contada”, uma ação da secretaria municipal de Cultura, com exibição e debate de filmes, apresentações de esquetes teatrais e shows musicais. A programação começa no dia 06/03.

O secretário municipal de Cultura Sérgio Mesquita explica que a iniciativa tem como objetivo apresentar, principalmente aos jovens alunos, um dos mais importantes episódios da história brasileira recente e incentivar a reflexão sobre as causas e consequências do Golpe Militar. “Não queremos propor uma verdade. O nosso intuito é apresentar os fatos e permitir que a população conheça melhor, questione e forme suas opiniões sobre um tipo de regime de governo vivido no país por décadas e que é responsável diretamente pelo que somos hoje”, destacou Sérgio.

Sérgio explicou ainda que a ideia para o projeto surgiu assim que ele foi convidado para ser secretário, no fim do ano passado. Ele lembra que algumas pessoas questionaram a escolha do nome do novo hospital municipal, que se chamará "Ernesto Che Guevara", em homenagem ao político, jornalista, escritor e médico argentino-cubano que foi um dos líderes da Revolução Cubana (1953-1959). “Algumas pessoas associaram o nome do Che Guevara ao de um assassino ou terrorista, o que revela total desconhecimento da história. Por isso, me comprometi a criar projetos que ajudem a população a esclarecer importantes fatos históricos, como o golpe militar no Brasil”, justificou.

Atividades
Com uma ampla programação, as atividades do projeto começam no dia 06/03, quarta-feira, às 19h, na Universidade Severino Sombra (localizada no Bairro Flamengo), com a exibição do documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, de Camilo Tavares. O filme mostra a influência do governo dos Estados Unidos, com a ativa participação dos presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson, do Embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, e de agências como CIA, no Golpe de Estado no Brasil que resultou na deposição do presidente João Goulart (Jango) no dia 1º de abril de 1964 para apoiar o governo do Marechal Humberto Castelo Branco. Após a apresentação do filme, o professor de Filosofia e História da rede pública de Maricá, Marcos Dios, irá abordar o contexto do golpe na época da Guerra Fria.

No dia 13/03, às 19h, será a vez da exibição do documentário “Jango” na Sala Darcy Ribeiro, localizada na Casa de Cultura de Maricá. Dirigido por Sílvio Tendler, o filme narra a trajetória política do 24° presidente brasileiro, João Goulart, apresentando os detalhes do golpe até os movimentos de resistências à ditadura, terminando com a morte do presidente no exílio. O documentário levou mais de meio milhão de espectadores às salas de cinema, tornando-se o sexto documentário de maior bilheteria da história do cinema brasileiro. Dando prosseguimento à programação, no dia 14/03, às 15h, na Praça Orlando de Barros Pimentel em frente à Casa de Cultura, haverá declamações e exposições de poesias de diversos autores da época como Antônio Callado e Ferreira Gullar.

No dia 20/03, o projeto aborda o papel desempenhado pela mulher no período da ditadura militar. A partir das 19h, na Universidade Severino Sombra, serão exibidos dois curtas-metragens sobre duas figuras femininas de destaque. O primeiro é “Leila Para Sempre Diniz”, de Mariza Leão e Sérgio Rezende, que traz depoimentos sobre a atriz, símbolo da revolução feminina. O segundo é “Eh, Pagu, Eh”, de Ivo Branco, que conta um pouco da vida e da obra de Patrícia Galvão, a Pagu. Jornalista, escritora, poeta, diretora de teatro, desenhista e tradutora, que foi casada com Oswald de Andrade. Pagu participou do Movimento Antropofágico, foi militante comunista e a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas. Após a exibição dos curtas, a jornalista e psicóloga pós-graduada em Comunicação Social e Gestão Pública, Rosangela Zeidan, irá abordar o papel assumido pela mulher nos movimentos revolucionários.

Já no dia 22/03, às 19h, na Casa de Cultura de Maricá, será exibido o curta "Marimbás", único filme do jornalista Vladimir Herzog, concebido e produzido por ele. O filme é resultado de um curso de cinema ministrado pelo documentarista sueco Arne Sucksdorf, em 1962 e mostra um grupo que sobrevivia da pesca no Posto 6, em Copacabana. A exibição será seguida de uma palestra do jornalista Odemir Capistrano, que vai relatar suas experiências como integrante do Cineclube Curto-Circuito, localizado no Clube Asa em Botafogo, na época do golpe militar.

Dando continuidade à programação, no dia 24/03, a partir das 16h, o projeto vai debater a história por meio de uma batalha de MC´s locais na Praça Orlando de Barros Pimentel. Além disso, haverá grafiteiros expondo suas artes num painel e shows com bandas e cantores locais com apresentações de músicas da época.

Para abordar o período de luta pela anistia a presos políticos da Ditadura, o projeto irá exibir, no dia 27/03, às 19h, na Universidade Severino Sombra, o documentário “De Mãos Dadas”. O filme retrata a luta pela anistia por ocasião das prisões de integrantes do MEP (Movimento pela Emancipação do Proletariado), ocorridas no Rio de Janeiro em 1978, exibindo denúncias de tortura e cenas gravadas na ABI (Associação Brasileira de Imprensa) durante uma grande manifestação. Para discutir o tema, o palestrante será o doutor em Comunicação e Cultura André Lazaro, que durante o movimento "Diretas Já", acompanhou e filmou muitos desses movimentos.

Já no dia 28/03, às 19h, a Universidade Severino Sombra recebe novamente o projeto, desta vez para a exibição do documentário “Cidadão Boilesen”, que aborda e reconstitui a vida e o assassinato do empresário dinamarquês naturalizado brasileiro Henning Albert Boilesen (1916-1971) e que revela o envolvimento dele com a ditadura militar. Para discutir com o público o tema, o ex-combatente da Ação Libertadora Nacional, o Comandante Carlos Eugênio Clemente, irá abordar sua experiência durante 15 anos de luta armada, ao lado de Carlos Marighella, um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar, tendo sido considerado o inimigo "número um” da ditadura militar.

Encerrando o projeto, no dia 06/04, às 19h, haverá shows com artistas locais, apresentação de esquetes teatrais e depoimentos de moradores da cidade que foram vítimas da ditadura – como o do revolucionário Luiz Octávio Spinelli, que viajou por vários estados durante a ditadura defendendo o fim do regime militar.