Maricá terá consultório itinerante para atender moradores de rua

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Uma experiência bem sucedida em diferentes regiões do país na assistência à população de rua – especialmente usuários de álcool e outras drogas, como o crack – será replicada em breve em Maricá.

A cidade vai participar, a partir do primeiro bimestre de 2013, do programa Consultório na Rua, do Ministério da Saúde, e terá uma equipe multidisciplinar (formada por psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e pedagogos) para atender essas pessoas que vivem em situação de risco social.

Os objetivos do programa, que percorre diferentes pontos das cidades em unidades móveis de atendimento, são garantir cuidados médicos essenciais, assistência psicológica, orientação (para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo) e a oferta de atividades de integração social e resgate da cidadania.

A implementação do “Consultório na Rua” em Maricá, que terá contrapartida da prefeitura, já está mobilizando as secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Assuntos Federativos e Direitos Humanos, entre outras.

Nesta terça-feira (12/11), cerca de 30 pessoas se reuniram na Casa Digital, no Centro, para discutir a realidade dos moradores de rua em Maricá e os principais desafios para o sucesso do projeto na cidade. Participaram do encontro a secretária de Assistência Social, Laura Maria Vieira da Costa; a subsecretária de Atenção Básica e Saúde Coletiva, Larissa Morgado Galhardo; o coordenador de Educação e Saúde da subsecretaria de Atenção Básica, Gilson Andrade; o coordenador de Saúde Mental, Allan Christi Rocha; além de representantes da PM, da Fundação Leão XIII e diversos profissionais das áreas da saúde e assistência social.

– “Maricá não tem uma população de rua muito numerosa, mas isso não diminui a nossa responsabilidade de cuidar dela. Sabemos que a cidade viverá em breve os impactos do Comperj, por exemplo, e o crescimento econômico e demográfico também podem trazer impactos como o aumento da população de rua, por conta do movimento migratório de pessoas em busca de oportunidades de trabalho”, ressaltou a secretária Laura Maria durante a reunião.

Equipe terá seis profissionais e veículo adaptado

O coordenador de Educação e Saúde da subsecretaria de Atenção Básica, Gilson Andrade, informou que Maricá terá o módulo 3 do programa – o que significa que a cidade contará com uma equipe de seis profissionais dedicada exclusivamente ao projeto e receberá um repasse mensal de R$ 18 mil do Ministério da Saúde.

– “A contrapartida da prefeitura está concentrada principalmente na aquisição e adaptação do veículo que fará o transporte da equipe e dos insumos necessários para atender à população”, completou a subsecretária de Atenção Básica e Saúde Coletiva, Larissa Morgado Galhardo.

O público que acompanhou o encontro foi instigado a participar dos debates. Entre outros assuntos, foi discutida a polêmica em torno da visão higienista que a população ainda tem sobre os moradores de rua, ou seja, a visão de que o problema se restringe a tirá-los da rua, já que a presença deles enfeia a cidade ou traz riscos à segurança.

– “A palavra-chave desse projeto é vínculo. Os profissionais vão ao encontro dos moradores de rua, vão ouvi-los, farão parte do cotidiano delaes. O intuito é criar um elo, um vínculo de confiança, que é o primeiro passo para a reabilitação e a reinserção social. É imprescindível também a integração, por exemplo, com as equipes do hospital, dos CRAS, do Médico de Família, porque toda essa estrutura será usada em algum momento. É um trabalho conjunto”, declarou Larissa Galhardo.

Como surgiram os Consultórios na Rua

Segundo o Ministério da Saúde, os Consultórios de Rua foram diretamente inspirados num projeto realizado em Salvador, em 1999, para frear o avanço do consumo de drogas, principalmente por crianças e jovens, nas ruas da capital baiana. Naquele ano, o consumo foi fortemente acentuado pela recém-proliferação do crack nas principais capitais do país. Entre 1999 e 2009, o ministério apoiou o programa em Salvador e expandiu a ação para outras cidades. Em 2010, incluiu o programa no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack.

Segundo as diretrizes do ministério, os Consultórios de Rua são uma ferramenta estratégica para o acolhimento da população em risco social e o direcionamento voluntário de pacientes para os equipamentos da rede pública de saúde e assistência social, sejam hospitais, postos de saúde, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou Centros de Referência em Assistências Social (CRAS).