Debate aponta necessidade de valorização do negro

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A I Jornada sobre Relações Étnico Raciais na Escola e na Sociedade, realizada nesta sexta-feira (09/11), na Casa Digital, foi uma verdadeira troca de conhecimento. Mediada pelo professor da Faculdade de Educação da UFF, José Luiz Cordeiro Antunes, a mesa redonda formada por 16 professores discutiu e compartilhou soluções para o trabalho em sala de aula com foco no combate ao preconceito e na discriminação racial.

Em comemoração à Semana da Consciência Negra, o encontro abordou a importância de se tratar o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas públicas municipais. Para José Antunes, o encontro certamente renderá bons resultados. “Achei ótimo porque levantou questões importantes no trato da conscientização e, como as coisas estão se dando hoje. Vamos formar grupos multiplicadores que fomentem a valorização do negro na sociedade”, afirmou.

Uma das principais questões levantadas foi o resgate da autoestima e da imagem do negro. Para os educadores é preciso vencer a cultura do embranquecimento, do silenciamento e da invisibilidade. A forma apontada para superar este desafio é desconstruir primeiramente estereótipos comuns. Segundo os debatedores, a África é vista apenas em seus pontos negativos e isso deve ser mudado com o professor mostrando também as riquezas do continente. O problema da falta de valorização do negro na sociedade é histórico e é preciso, segundo o mediador, a implantação de políticas reparadoras.

Para a coordenadora do 6º ao 9º ano da Secretaria Municipal de Educação, Stella Aguiar Maia, essa discussão é muito importante. “Nossa preocupação é fazer com que o professor leve para a sala de aula materiais para desconstruir valores preconceituosos que foram largamente disseminados ao longo da nossa história. Queremos desconstruir a ideia do negro incapaz, temos que mostrar sua contribuição na sociedade”, disse.

A representante da Cidade Educadora, vinculada à Secretaria Municipal de Educação, Mariana Caruso, também tem o mesmo pensamento. Para ela, trocas de experiências frequentes em encontros assim oferecem aos profissionais de ensino meios para trabalhar a quebra de muitos preconceitos em sala de aula. “Queremos fornecer aos educadores e a equipe pedagógica instrumentos para um diálogo que supere estes preconceitos”.

Programas de inclusão

Os estereótipos sobre o negro estão enraizados na história do país. Para o professor da Faculdade de Educação da UFF, José Luiz Cordeiro Antunes, é preciso mostrar que a cultura negra não é apenas samba e capoeira e que os negros sofrem com a desigualdade em questões salariais, educação, expectativa de vida e acesso à saúde, por exemplo.

Para o professor a solução para erradicar diferenças deve ter a participação do Estado através de políticas públicas para a promoção do negro. “Não há dúvida de que o governo deve fazer políticas de reparação e inclusão do ensino sobre a história e cultura afro-brasileira no currículo escolar”. Entre essas ações estão o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.