Palestra sobre alimentação adequada foi realizada no CEM Joana Benedicta Rangel - Foto: Clarildo Menezes

Durante o terceiro dia de atividades da Semana de Conscientização do Autismo, a Secretaria de Educação de Maricá ofereceu para pais e professores da rede municipal de ensino a palestra “Intervenções Nutricionais no Transtorno do Espectro Autista”, apresentada na manhã desta quarta-feira (04/04) pela nutricionista Karina Schuina. O encontro foi realizado no CEM Joana Beneditca Rangel, no Centro da cidade.

Pós-graduada em Nutrição Materno-Infantil e Alergias e Intolerâncias Alimentares, a especialista discursou sobre a influência direta e indireta dos alimentos no funcionamento do sistema neurológio e imunológico. “Nosso objetivo é incentivar a busca de uma reeducação alimentar, respaldada em condutas nutricionais, direcionada não somente a criança, mas para melhorar o hábito alimentar e colaborar para a saúde da família como um todo”, destacou a nutricionista que há quatro anos atua na Clínica-Escola do Autista em Itaboraí.

De acordo com a palestrante, há uma desordem sistêmica no organismo do autista que afeta diretamente o seu comportamento. “A maioria do autista possui uma alta incidência de bactérias ruins no intestino que acarreta um desequilíbrio ocasionando alergias, deficiências de enzimas, má absorção de nutrientes e inflamação. Se não for tratada de forma adequada pode prejudicar e atrasar o desenvolvimento da criança”, frisou. Karina acrescentou ainda que cada autista deve ser acompanhado por equipes multiprofissionais atentando ao fato de que são indivíduos e possuem suas especificidades. “Não podemos generalizar quando falamos de alimentação. Cada pessoa reage de uma forma. No entanto, vale destacar que mais importante que desintoxicar é usar boas regras alimentares no nosso dia-a-dia que evitem a intoxicação do organismo”, acrescentou.

Dentre algumas dicas, a nutricionista apontou que o consumo de corantes artificiais, presentes em diversos alimentos como biscoitos, gelatinas, sucos em pó, dentre outros, interfere diretamente no comportamento das pessoas, assim como o uso de produtos que contenham neuroestilamulantes, como o café, guaraná, chocolate e açúcar. Karina alertou para a toxicidade do composto Bisfenol A (BPA) presente nos plásticos e que reveste os produtos enlatados. “Muitas pessoas desconhecem o potencial cancerígeno presente numa embalagem de plástico. A maioria desses produtos não é livre de BPA e o aquecimento no microondas libera esse composto que age direto no alimento. E isso ocorre também com uma simples mamadeira. Desconhecer esse fato nos faz agir errado. Simples mudanças podem evitar uma doença. Como opção, sugiro o uso de potes de vidro”, exemplificou.

Para Karina, os pais e educadores devem incentivar o uso de alimentos naturais e orgânicos que não possuem agrotóxicos e que contêm mais sabor e maior quantidade nutricional. “Esse tipo de alimentação gera melhora comportamental e psicossocial”. Karina também citou os benefícios de uma dieta sem glúten, sem leite e sem compostos neuroestimulantes. “Um estudo comprovou uma melhora no sistema gastrointestinal e imunológico, sono adequado, redução da hiperatividade e mais foco e atenção. São intervenções nutricionais que podem ser adotadas visando prevenir e cuidar da saúde como um todo, mas sempre devem ser adotadas de forma individualizada e com o acompanhamento de um profissional especializado”.

A gerente de Diversidade e Inclusão Educacional, Hellen de Azevedo, falou sobre a importância de conhecer a influência dos alimentos no comportamento humano. “Esse é o segundo ano que realizamos essa Semana de Conscientização do Autismo. E considero primordial trazer especialistas de diversas áreas que possam ampliar nossos conhecimentos. Muita coisa que foi dita pode modificar a rotina alimentar de uma família e contribuir para uma melhor qualidade de vida”, afirmou.

A moradora do bairro Flamengo, Marilene Coutinho, mãe de um autista com 18 anos, considerou o conteúdo da palestra muito esclarecedor. “Gostei bastante dessa palestra porque aprendi coisas novas, mas, principalmente, pelo fato que não irei mais cometer falhas alimentares que nem achava que estavam erradas”. Como exemplo, Marilene citou a gelatina. “Meu filho adora. E por não por açúcar pensava ser saudável, por isso nunca me atentei que o corante presente nela pudesse ser prejudicial à saúde. A palestrante me orientou a usar a gelatina incolor e substituir a água pelo suco de fruta natural”.

A moradora do Centro Nadja Rangel, de 47 anos, possui um filho de nove anos diagnosticado com autismo e aproveitou o encontro para pedir uma ajuda. Para ela, a maior dificuldade é fazer com que ele coma verduras e legumes. “Ele rejeita tudo que é verde. Não come de jeito algum”. Como sugestão, a nutricionista orientou que os vegetais sejam cozidos em separado e depois batidos no liquidificador com o feijão que camufla o sabor da verdura e dos legumes.

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