Caminhada aconteceu da Praça Conselheiro Macedo Soares até a escola Rynalda Rodrigues - Foto: Clarildo Menezes

Uma caminhada que começou na Praça Conselheiro Macedo Soares e terminou na Escola Municipal Rynalda Rodrigues da Silva, na Rua Juiz Osvaldo Lima Rodrigues, no Centro, deu o pontapé inicial à Semana de Conscientização do Autismo. A ação aconteceu na tarde desta segunda-feira (02/04), data que se comemora o Dia Mundial do Autismo e reuniu professores, pais, alunos, diretores e profissionais da Educação. Após chegar ao destino, foi realizada uma roda de conversa sobre o tema com o objetivo de esclarecer dúvidas e promover interação entre o público presente. Até o dia 06/04, diversas palestras serão apresentadas nas escolas municipais e espaços públicos e privados da cidade.

A gerente de Diversidade e Inclusão Educacional, Elen Ribeiro de Azevedo explicou que por o autismo ser um tema complexo, a Secretaria de Educação organiza grupos de trabalhos mensais com os profissionais, promove oficinas, prepara materiais adaptados e desenvolve um planejamento ao longo do ano no intuito de facilitar a identificação das potencialidades que os autistas têm. “As pessoas ficam muito preocupadas com as dificuldades que eles têm. O início do trabalho se define em descobrir qual é o canal de comunicação deles para que eu possa trabalhar o conteúdo e desenvolver suas habilidades. Sabendo qual é a potencialidade e habilidade que ele tem, fica mais fácil de trabalhar”, afirmou.

Como forma de desenvolver as competências e aptidões em alunos com necessidades especiais, como Síndrome de Down, Síndrome de Noonan e deficiência intelectual, a Secretaria de Educação oferece salas de apoio denominada Sala de Recursos. Neste ambiente, um professor especializado desempenha atividades com jogos, com equipamentos multimídia e material apropriado para que facilite o aprendizado do conteúdo dado em sala de aula.

Professora da Sala de Recursos há três anos na Escola Municipal Marquês de Maricá, Daniele Ribeiro Ferreira contou que um dos trabalhos realizados é o acompanhamento do desenvolvimento desses alunos ao longo do ano, para que ele adquira autonomia dentro de sala de aula. “Vamos perceber que o tratamento dessas crianças não é diferenciado de outras. É uma criança normal que precisa de amor, de respeito e de cuidado. Como qualquer criança, também precisa de limites, de espaço, onde possa se socializar com outras pessoas. Que ela possa aprender dentro de seus limites e que estes sejam respeitados tanto pelo professor como seus amigos”, relatou.

Mãe de autista, a farmacêutica Heloísa Mendes, de 41 anos, que esteve na caminhada, mencionou sobre a dificuldade de diagnosticar a doença de seu filho e expôs a falta de apoio dos governantes de outra cidade que morava. “Ter vindo para Maricá foi um divisor de águas porque em São Gonçalo, onde eu morava, não tinha o apoio que tenho aqui. O único apoio era da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Aqui, toda segunda-feira ele está no Serviço de Atendimento, Reabilitação Especial de Maricá (Sarem). Tem a professora de apoio no colégio e a orientadora pedagoga às terças e quintas”, concluiu.

Por possuir a doença, muitas crianças são excluídas por amigos e familiares. O técnico em radiologia, Fabrício da Silva dos Santos, que tem um filho com autismo, fez um apelo para que as pessoas tenham a consciência que excluindo um autista da sociedade só contribui para a progressão da doença. “Nós observamos que as pessoas têm um certo preconceito porque percebem que a criança fica muito quieta, não interage com as outras e acaba as afastando de coleguinhas e amiguinhos. Isso dificulta muito no desenvolvimento”, analisou. “Elas têm que ter a conscientização que interação social é muito importante para a sua evolução, para que se torne um adulto com plena capacidade, que saiba lidar com essa condição e se comportar na sociedade”, enfatizou.

A secretária de Educação, Adriana Luiza da Costa, ressaltou a importância do trabalho desempenhado pelo governo municipal, principalmente no que tange ao autismo. “É feito um trabalho muito intenso aqui no município com a inclusão e o autismo a gente está pegando uma força maior porque são crianças que realmente necessitam de um cuidado todo especial. O autista requer um cuidado de uma pessoa que seja especializada, que tenha formação de professor para poder lidar com esses diversos aspectos autistas que existem”, finalizou. Ao todo, 21 escolas da rede municipal oferecem o serviço de Salas de Recurso que atendem em torno de 160 alunos autistas. Alunos do curso de Formação de Professores do Centro Educacional Elisiario Mata também participaram da caminhada.

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