Grupos afro lavam a escadaria da igreja em um pedido de paz e contra a discriminação - Foto: Katito Carvalho

A 19ª edição da tradicional lavagem da escadaria da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo (Centro) realizada no último sábado, 13/01, pela Secretaria Geral e de Governo, através da Coordenação de Assuntos Religiosos, abordou o tema “Juntos no Embate a Todo Tipo de Intolerância”, como um pedido de paz e reuniu centenas de pessoas de Maricá, Niterói, Saquarema e do Rio de Janeiro.

O grupo se reuniu na Praça da Bandeira e caminhou pela Avenida Nossa Senhora do Amparo, fazendo uma breve pausa em frente à Câmara Municipal, para uma rápida lavagem, guiado pelo coordenador do evento, o babalorixá Jonas Liminha e três meninas, responsáveis por jogar a água com ervas de cheiro (de energização positiva) e dar início ao processo de varreção dos locais.

“Há grupos que não aceitam a nossa lavagem, mas eu vou continuar fazendo, porque não estamos fazendo mal a ninguém e sim agradecendo por estar vivos. Aproveitamos também para um pedindo paz ao mundo por todas as coisas que os nossos irmãos de matriz africana já sofreram e que felizmente não acontece em nossa cidade. Para Maricá, pedimos harmonia e fraternidade. Que a inocência dessas crianças possa limpar todo o mal”, declarou Liminha, explicando que a iniciativa atende um pedido feito por uma entidade para que o povo de fé se juntasse pedindo paz ao mundo desde 1999 quando ouve brigas entre nações, acabando com a discriminação. “É um pedido a xangô por justiça, prosperidade e alegria”, resumiu.

O evento também contou com a doação de flores por representantes de alguns terreiros de umbanda, que foram colocadas numa das árvores centenárias da Praça Orlando de Barros Pimentel; um minuto de silêncio por todos os mortos; uma pequena mostra de capoeira ao som de “Marinheiro”, além da entoação de cantos com o auxílio de atabaques para saudar todos os povos (reis oriundos da África).

Mestre tio Robson Costa, presidente fundador do grupo “Filhos do kikongo” (RJ) e integrante do Conselho Estadual de Cultura, falou sobre a importância cultural da realização. “É uma louvação aos orixás pedindo para o ano no mundo. Nós somos parceiros desempenhando o papel de guardiões dessa lavagem há cinco anos”, explicou.

Moradora de Itapeba, Juliana Coelho (29 anos) participou pela primeira vez, com o marido e a filha. “Eu quis participar por causa da minha nação, do meu axé. Maricá tem muito espírita que tem vergonha, mas eu não tenho. Só está participando quem tem amor à religião, seja o candomblé ou a umbanda”, explicou.

Vizinho de bairro, Flávio de Araújo (28 anos) completou: “Na nossa cidade não ocorre a intolerância religiosa que está havendo em outras cidades dificultando para o povo do axé. A ditadura como dita, já tinha terminado e está querendo voltar com o religioso. Isso é muito ruim para nós que somos do axé”, falou.

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