
“A Dor da Gente Não Sai no Jornal”, diz o cartaz. Mas Karen Ramos, diretora e coreógrafa do espetáculo que será apresentado neste sábado (01/04), às 18h, no Cinema Público Municipal Henfil, se propõe a arrancá-la de cada um dos atores em cena, fazendo com que a transbordem do corpo e do movimento. A obra é baseada na escola contemporânea da coreógrafa alemã Pina Bausch (cujo trabalho sempre se baseou nas experiências pessoais dos bailarinos e na composição conjunta das peças), em que as vivências do cotidiano são contadas através da dança.
Karen não cansa de elogiar o nível técnico do elenco na montagem, composto por jovens – Beatriz Santos, por exemplo, tem 14 anos, e Washington Corrêa, o mais velho, 23. Segundo ela, os bailarinos a surpreendem pelo talento e profissionalismo com que mergulha no tema proposto. “É aí que entra o lado artístico muito forte deles, de buscar sentimentos e situações que não chegaram a vivenciar, mas saem em campo, pesquisam, conversando com quem já os experimentaram, internalizando-os”, observa Karen.
Uma das cenas mais fortes, segundo ela, foi desenvolvida pelos próprios dançarinos em sala de aula. O momento em que um grupo ao redor de uma vítima, ao invés de ajudá-la, passa a filmar e postar nas redes o que vê. “Eu gostei tanto da ideia trazida por um dos alunos, que resolvi adaptá-la a esse espetáculo”, conta.
Perguntada sobre o que o público poderia esperar da apresentação, Karen foi incisiva: “As pessoas vão sair do teatro com as imagens grudadas nelas, levando para casa, para a mesa do bar, para o bate-papo no trabalho. Digo isso com propriedade, porque é retorno de quem já assistiu e depois veio comentar comigo”, diz. “E isso, pra mim, é arte”, conclui.
Serviço:
“A Dor da Gente Não Sai no Jornal”
Cinema Público Municipal Henfil
Rua Domício da Gama, 290, esquina com Alferes Gomes, Centro
Sábado, 1º de abril, às 18h
Censura 10 anos