imagem da apresentação da peça alma cega
Espetáculo "Alma Cega" será exibido no Festival de Teatro

Nos dias 19, 20 e 21 de agosto (sexta, sábado e domingo), o grupo teatral Cia do Ator, formado pelo curso de teatro organizado pela Secretaria Municipal Adjunta de Cultura, Ciência e Tecnologia no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), apresentou o espetáculo “Alma Cega”, no Cinema Público Municipal Henfil.

Com texto do jornalista Odemir Capistrano, direção musical de Pedro Szighethy e direção geral de Perceu Silva, o espetáculo tratou de preconceitos como racismo, machismo e homofobia, discriminações que podem levar à intolerância contra grupos e indivíduos. Abordou questões de gênero, bullying, violência contra mulheres, homossexuais e negros, citando estatísticas de estupros e homicídios, o que coloca o Brasil como detentor de altos índices de violência. O texto propõe um olhar de empatia e amor ao próximo, como alternativas ao egoísmo e ao ódio.

O elenco é formado pelos atores Heliza Ribeiro, Ingrid Lacerda. Ryan Gago, Yasmin Ronquetti e a iluminação ficou a cargo de Washington Luiz. Vestidos com uma malha negra e uma echarpe vermelha, que serve também de venda para os olhos, suporte para balanço e corda para amarrar pessoas, personagens revezam-se deslizando um andaime sobre rodas, e o utilizam também de múltiplas formas: como crucifixo, onde quatro atores pendurados declaram as palavras de Cristo: “Perdoai, Senhor, eles não sabem o que fazem”. Como cárcere, onde uma mulher é violentada e como trampolim, para que os atores possam subir e falar do alto para a plateia. Frases conhecidas de Martin Luther King e do escritor Carlos Drummond de Andrade foram citadas como referência e reforço em algumas falas. O grupo também convidou os espectadores a interagir com os atores no palco.

Após a apresentação, diretor e equipe abriram espaço de debate com o público. “Começamos bem. Hoje é o Dia do Ator, e devemos homenagear em primeiro lugar a equipe”, disse o diretor Perceu Silva. “Trabalhávamos uma ideia pelo método do Teatro do Oprimido, de Boal. O autor, Odemir Capistrano, nos assistiu e escreveu o texto, que foi ensaiado em pouco mais de um mês. A montagem, inicialmente de arena (palco circular) foi adaptada ao espaço cênico do Cine Henfil, para maior interação com o público”, adiantou.

A atriz Ingrid Lacerda, 21 anos, moradora em Itapeba, fez sua estreia em textos para adultos. “Fui dirigida antes por ele em peças infantis. Foi uma experiência nova e importante, que fortaleceu meu interesse na profissão”, disse. Andrea Cândido, 46 anos, do Grupo LGBT Humanos, disse que tanto o texto quanto a interpretação dos atores a emocionaram. “Ryan Gago foi extraordinário, representou o machão, violento, com a mesma desenvoltura que teve ao interpretar um homossexual. A mensagem foi passada de forma clara e correta”, comentou. A vice-presidente da Unegro, Luciane Vieira, 38 anos, também aprovou o texto. “Fala do racismo disfarçado em nosso país, mas que se manifesta em relação à mulher negra, principalmente, e ao negro pobre, na diferença de tratamento no trabalho, na escola, na sociedade. A peça convida à reflexão, o que se faz muito necessário hoje em dia”, concluiu.

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