De portas abertas pro turista, Espraiado celebra a primavera

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Artesanato local exposto no Sítio do Riacho.

Artesanato, gastronomia, música e integração com a natureza marcaram a terceira edição do evento em 2012

As bandeiras amarelas nos sete quilômetros da Estrada do Espraiado eram o sinal para o leque de atividades oferecidas durante o Espraiado de Portas Abertas, realizado neste domingo (02/09).

O evento trimestral de cultura e turismo rural, apoiado pela Prefeitura de Maricá, chegou a sua terceira edição deste ano homenageando a primavera. Mais de quinze pontos, entre sítios, ranchos e estabelecimentos comerciais organizaram atrações para a população e os visitantes, numa viagem pela arte, gastronomia, religião e outros aspectos da cultura local.

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Ponto de grande concentração de turistas, a cachoeira que faz parte da Área de Relevante Interesse Ecológico do Espraiado (ARIE) reuniu centenas de pessoas, que aproveitaram o belo dia de sol na água cristalina do riacho. Entre elas, estavam Viviane Cunha e sua mãe, Maria do Rosário Cunha, que visitavam pela primeira vez o local. “Algumas amigas já tinham comentado comigo sobre o Espraiado, mas me surpreendi. Todas as atividades resgatam valores antigos e nos mostram um caminho diferente para a preservação cultural”, declarou Viviane, que é professora e mora em São Gonçalo. “Seremos participantes assíduas do evento a partir de agora”, confessou.

No Sítio Esperança, que integra a rota do Espraiado nos dias de evento, mais surpresas para quem resolveu conhecer a localidade. Um minizoológico, com aves (pavões, perus e galinhas), cachorros, cavalos e bodes fizeram a alegria de famílias inteiras. Os proprietários, Rosana Carvalho e o frânces Hubert Guillard, tratam os animais como filhos e eles atendem aos donos pelo nome – uma atração à parte, principalmente para as crianças. Os cavalos China, Madalena e Falcão e o bode Drako atendiam prontamente toda vez que eram chamados. A cada encontro com seus cuidadores, eram recompensados com frutas e outros tipos de alimento.  “Eles são muito perceptivos e nos correspondem ao tratamento que oferecemos, sempre com muito respeito, alegria e carinho”, afirmou Rosana, acrescentando que as crianças adoram e que, nos dias do evento, elas também podem dar comida aos animais. “Esse evento é um incentivo importante à integração do homem com a natureza e também ao turismo local”, explicou.

Outro espaço de visitação foi o Horse Center, para os amantes da equitação. Segundo o proprietário, Alessandro Souza, o local oferece aulas de hipismo. “Mesmo quem não sabe nada e tem medo pode participar”, informou.

Representantes do artesanato típico do Espraiado, as artistas Claudine Mendonça e Adriana Ferreira expuseram arranjos florais, vasos, arcos, descansos de mesa e outros objetos feitos com matéria-prima encontrada na região, em especial a fibra de bananeira. Hoje com 42 anos, Claudine participa do evento desde a sua criação, há mais de quatro anos, e confessa que vive do artesanato. “Comecei fazendo tapeçaria, depois crochê e bordado. Atualmente me dedico às peças com fibra da bananeira e elas são o meu sustento, além de uma realização pessoal, ressaltou”.

Promovido pela secretaria municipal de Turismo e Lazer, o já consagrado “Sob o Céu Sob o Sol de Maricá” transferiu as apresentações de MPB das praças da cidade para quatro pontos do Espraiado. Os músicos Fátima Leroz, Jacaré, Mel Meirelles, Raul Palmeira, Baiano, Brunno Berne e Ronaldo Valentim receberam os turistas com boa música no Sítio do Riacho, Bar da Izabel, Largo de Santo Antônio e na cachoeira, deixando o domingo ainda mais prazeroso.

Golfe e bobó de camarão

Essa edição do “Espraiado de Portas Abertas” contou, pela primeira vez, com a parceria do condomínio Privilège Golf Clube, localizado na Estrada do Espraiado e que abriga um campo profissional de golfe. Quem conheceu as instalações do empreendimento se surpreendeu com um delicioso bobó de camarão, feito com aipim da terra. Receita do chef cearense Raimundo Oliveira, que por 12 anos foi o responsável pela alimentação da Seleção Brasileira de Futebol. “O segredo desse prato está exatamente na qualidade do aipim colhido nas terras do Espraiado. Ele é a cara do bairro”, confessou Raimundo. Nos campos do condomínio, um torneio relâmpago de golfe animou a tarde dos turistas.

Sítio do Riacho: onde tudo começou

Entre tantas propriedades particulares que integram o evento, o Sítio do Riacho tem uma história peculiar. Foi lá que nasceu a ideia do Espraiado de Portas Abertas, organizado pela proprietária do sítio, Regina Sebould Gomes, e é lá que estavam concentradas algumas atrações, como uma exposição com seis espécies de orquídeas e dezenas de tapetes produzidos pelas tapeceiras do Espraiado. Legado da artista Madeleine Colaço, a técnica é mantida atualmente por sete integrantes, como Ilma Macedo da Costa. “A maior parte das obras da nossa tapeçaria destacam a fauna e a flora da região”, explicou.

Também no Sítio do Riacho, uma apresentação feita por moradores da comunidade encenou um ritual tradicional no Espraiado: a debulhação do guandu, vagem típica da região. O contador de histórias e pesquisador da cultura local, Dauá Puri, explicou ao público que a debulhação era um acontecimento social, em que as famílias vizinhas se reuniam. Segundo Dauá, a tradição também era responsável por formar novos casais. “Era uma oportunidade das pessoas se conhecerem melhor, e com o consentimento dos pais. Muitos começavam a namorar e depois casavam graças a esses encontros”, explicou Dauá.