Deputada Benedita da Silva abordou o tema racismo e fascismo no CEU - Foto: Clarildo Menezes

O auditório do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) recebeu na última sexta-feira (19/05) o evento “O Que Te Contaram Sobre a Abolição?”, promovido pela Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher de Maricá e que fez parte das celebrações pelo Dia da Abolição da Escravatura, comemorado no dia 13 de maio. O objetivo foi debater a condição inferiorizada do povo negro em diferentes segmentos da sociedade brasileira mesmo após a publicação da Lei Áurea, em 1888.

A abertura teve a exibição do documentário brasileiro “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil”, de Belisario Franca. O título da produção é uma homenagem a Aloisio Silva, que era chamado apenas por este número durante sua infância, na década de 1930, período que foi escravizado em uma fazenda no município paulista de Campina do Monte Alegre por fazendeiros da família Rocha Miranda, tidos como simpatizantes do nazismo e participantes da cúpula do movimento fascista Ação Integralista Brasileira (conhecidos como os camisas-verdes). A família nega que as crianças – retiradas de orfanatos aos lotes pelos donos do local com promessas de educação e trabalho – tenham sido escravizadas, mas historiadores acreditam que o relato dos sobreviventes é verdadeiro. O filme mostra que o time de futebol formado na fazenda tinha como uma bandeira a suástica nazista e revela a descoberta que tijolos utilizados nas construções da época na propriedade também traziam o símbolo da Alemanha hitlerista gravados na forja.

Em seguida, começaram os debates com os convidados, que também usaram o filme com base. O primeiro a falar foi o antropólogo Lourival Madeira, que criou um grupo chamado Militantes Negros de Esquerda. Para ele, a mentalidades das elites não mudou nesses quase 130 anos. “Ainda existem famílias como essa no Brasil, que têm o desejo de ter serviçais em suas casas em regime de escravidão”, apontou ele.

O rapper Jovem Cerebral chamou a atenção para o momento vivido pela sociedade, que ele considerou perigoso. “Há fascismo intrínseco entre os brasileiros que resultou em situações como a do filme, e isso aflorou de uns anos para cá. Prisão é uma coisa que foi feita para negros no Brasil, desde sempre”, sentenciou o artista.

A deputada federal Benedita da Silva reforçou a ideia sobre a mentalidade fascista no país. “Esse fascismo está aí, a escravidão não acabou, nós não somos tão livres quanto pensamos. Ainda precisamos de leis como a Lei Áurea para garantir a liberdade, mas que seja escrita por nós, o povo. Nosso sistema de educação nunca nos permitiu conhecer a história de verdade, e esse filme prova isso”, afirmou a parlamentar.

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