A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Saúde, promove nesta semana uma série de eventos para marcar o Dia de Luta Antimanicomial, comemorado nesta quarta-feira (18/5). O primeiro deles foi realizado nesta segunda-feira (16) na Praça Conselheiro Macedo Soares, onde um grupo de pacientes e seus familiares do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) tiveram atividades físicas e participaram de um sarau. A programação segue no local nesta terça (17), com uma apresentação do Teatro do Oprimido, e quarta-feira (18) com uma roda de conversa.

Também na quarta-feira, às 14 horas, acontece no Cine Henfil a exibição do filme ‘Nise – O Coração da Loucura’. A produção de 2015 mostra a luta da psiquiatra Nise da Silveira, considerada pioneira na luta antimanicomial na década de 1940, que se recusou a utilizar técnicas de eletrochoque e lobotomia em pacientes tido como perigosos por conta de seus quadros psiquiátricos irreversíveis. A protagonista é interpretada por Glória Pires. Já na quinta-feira (19) acontece uma edição especial do Fórum de Saúde Mental no auditório do Banco Mumbuca, também no Centro, a partir das 9h.

Uma das responsáveis pela programação é a psicóloga Camilla Castilho Lessa, que integra a Equipe Multidiscilinar de Atendimento Psicossocial (EMAP). Ela explica que a lei federal nº 10.216, de 6 de abril de 2001, garante vários direitos aos pacientes com transtornos mentais, como a participação de sua família no tratamento e sua proteção contra qualquer forma de abuso, o chamado “cuidado em liberdade”, fora dos manicômios.

“A lógica manicomial implica na exclusão, e a lei foi criada para acabar com isso. Nosso trabalho mostra que é uma responsabilidade das cidades como um todo, e aqui temos hoje gente que trabalha, que estuda e que vive em sociedade, ocupando seu lugar de cidadão como não ocorria antes”, lembrou a psicóloga.

Alguns dos pacientes que foram à praça também levaram produtos para vender a quem passava. Entre eles estava Ana Carolina de Oliveira, de 26 anos, formada em Biologia e há seis meses em tratamento no CAPS. “Meu dia-a-dia melhorou imensamente, meu convívio com as pessoas também. Antes eu só ficava em casa e não fazia quase nada”, contou ela, que mora na Mumbuca. Com um perfil de distúrbio mais severo, Jeremias de Melo contou que voltou a estudar depois de iniciar o tratamento. “É muito bom e eu fiz mais amigos também”, afirma o morador do Boqueirão, de 33 anos.

Teve espaço também para apresentações musicais dos atendidos, como Vítor Leonardo Siqueira, de 17 anos, que canta e compõe usando o nome artístico Thür. Ele mostrou uma canção feita por ele onde agradece ao CAPS pela ajuda que recebeu. “Eu tinha muito medo de ser julgado e hoje consigo conviver bem com as pessoas graças ao tratamento”, revelou o jovem, que é aluno do ensino médio.

A mãe dele, Liliane Santana, atesta a testemunho do filho. “Chegamos lá muito desacreditados, achando que não havia mais o que fazer por ele. Mas desde então ele melhorou e muito. Hoje podemos dizer que ele é um adolescente que vive normalmente, com as coisas de sua idade”, afirmou ela,  que tem 38 anos e mora no Flamengo.

 

 

 

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