Índios da aldeia Mata Verde Bonita, em São José do Imbassaí, foram avaliados por equipes da Saúde - Foto: Daniel Luiz

Funcionários da Secretaria de Saúde estiveram na aldeia indígena Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã (significa Mata Verde Bonita), na Restinga em São José do Imbassaí, na última segunda-feira (10/04) fazendo avaliações e dando orientações sobre esforço e alimentação para que os atletas estejam aptos a participar da II Jornada Esportiva Cultural Indígena (JECI 2017), que acontece entre os dias 20 e 24/04 e conta com a participação de 16 tribos de diferentes lugares.

Acompanhada por uma equipe com médica, enfermeira, nutricionista e educador físico, Débora Bezerra, doutorada em doença infecciosa pela Fiocruz e coordenadora da Saúde Indígena, falou sobre a importância da ação. “Essa avaliação é necessária porque eles vão participar de modalidades que praticam no dia a dia como futebol e natação, mas também de atividades que exigem um pouco mais do corpo como a corrida de tora em que eles pegam um peso excessivo e o cabo de guerra em que fazem muita força”, explicou.

O cacique Darcy Tupã Nunes Oliveira, concordou com ela e admitiu que a preparação diária dos atletas para essas competições está sendo realizada há apenas três meses. “A gente ficou com a tora do ano passado para treinar. Ela tem em torno de 110 kg quando é individual e quando é revezamento cerca de 240 kg, mas aí são dois atletas segurando, cada um de um lado”.

Após a avaliação antropométrica verificando peso, altura, pressão e circunferência da cintura – de acordo com a perimetria abdominal pode-se constatar o risco de doenças cardiovasculares – para certificação de algum comprometimento que os impedisse de competir ou pudesse ser agravado, a médica Carolina Duarte declarou que todos os atletas estão aptos às atividades físicas propostas. “Eles estão com pressão normal, peso e altura correspondentes. Essa avaliação de hoje (segunda-feira) foi uma preparação para a jornada, já que regularmente estamos aqui atendendo os que têm alguma queixa, solicitando exames, fazendo o pré-natal das grávidas, prescrevendo medicamentos e os aplicando quando necessários. Inclusive, eles já foram vacinados contra a febre amarela”, esclareceu.

A nutricionista Bruna Matta, da área técnica de alimentação e nutrição fez uma avaliação com todos, preenchendo um questionário sobre o que estão acostumados a comer e orientou: “No dia da competição, é importante que vocês não comam o tipá (espécie de bolo frito) por ser muito gorduroso. O ideal é que priorizem alimentos como a batata doce e o aipim para ter energia”, disse.

O educador físico Antônio Marcos, também ressaltou a necessidade do alongamento: “Essa competição envolve um grande esforço muscular então o alongamento é muito importante para evitar problemas que podem comprometer a saúde de vocês pelo resto da vida”, ensinou, demonstrando alguns exercícios a serem feitos.

As disputas de futebol; arco e flecha; arremesso com lança; natação; atletismo; cabo de guerra (masculino e feminino); luta corporal e maracá (masculino e feminino) contam com a participação de 43 atletas da aldeia. As meninas Letícia Benite (10 anos) e Simone Nunes (13) participam da corrida de maraca (espécie de chocalho) pela primeira vez e estão dispostas a ganhar. “São cinco pessoas por equipe, eu sou a mais nova delas e a gente vai ganhar em menos tempo”, avisou Letícia. Simone foi além: É revezamento com adulto e criança. Eu vou correndo passar para uma pessoa que está do meu lado e ganha quem levar menos tempo. A gente quer ganhar porque ano passado, não pode participar, só os adultos”, disse.

Ao final da avaliação o cacique disparou: “A gente se sente mais valorizado. É sinal de que um evento cultural é muito bem vindo. E não é só um encontro qualquer, envolve muito trabalho. Temos aí essa ação maravilhosa medindo como esta o coração, os batimentos cardíacos dos nossos atletas, para ver se eles estão em condições ou não. É maravilhoso receber isso de manhã logo”, declarou mostrando-se agradecido e convidando a todos para a Jornada. “Esse é um encontro do povo: índio, quilombo, caiçara. Traga a sogra, o tio, a prima, chama toda a família, porque vai estar aberto especialmente para vocês. Nós somos os campeões da corrida com tora e do cabo de guerra e queremos contar com o povo todo de Maricá gritando nosso nome”, convidou Tupã.

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