Policiais do Proeis reforçam a segurança no hospital municipal a partir desta semana - Foto: Michel Monteiro

O Hospital Municipal Conde Modesto Leal (HMCML) chega aos seus 80 anos de existência. Um velho guerreiro que há décadas garante atendimento médico a uma enorme quantidade de pessoas de Maricá e de municípios adjacentes. Instalado na antiga casa do conde, no alto de uma elevação na Rua Domício da Gama, o hospital passou por sucessivas ampliações e adaptações, que aumentaram sua capacidade de atendimento até o limite atual.

Quando o novo hospital municipal Dr. Ernesto Che Guevara entrar em operação – o que deve acontecer até o fim do ano – o veterano passará por novas reformas e será transformado definitivamente em um hospital para mulheres, com maternidade. Até lá, continuará a acumular números expressivos: para se ter uma ideia, em 2009 o hospital registrava uma média de 6.300 atendimentos mensais; em 2015 o número bateu 11.600 e no ano passado chegou a 13.400/mês – incluindo clínica médica masculina e feminina, pediatria, obstetrícia, acidentes e outros. E praticamente com o mesmo espaço físico, modernizado em várias áreas é verdade, mas do mesmo tamanho.

Dos casos que chegam ao HMCML, a grande maioria é para atendimento de urgência e emergência, sobretudo traumas decorrentes de acidentes de trânsito por conta da RJ-106. Porém, apesar da pressão que isso representa para a estrutura operacional, em 2016 foram realizadas 233 cirurgias ortopédicas (para instalação de próteses, por exemplo) e quase 670 partos (dos quais 389 cesarianas – intervenções cirúrgicas).

É preciso sempre considerar que o hospital recebeu o impacto de um crescimento populacional acelerado – a taxa de crescimento de Maricá chegou a figurar entre as cinco mais altas do país – no município e na região. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade em 2010 tinha 127.461 habitantes. Em 2016 o número estimado já batia 149 mil, mas a quantidade de novas construções na cidade indica que o total pode ser maior: afinal, apenas os dois condomínios do programa Minha Casa Minha Vida agregaram 3 mil famílias a esse número.

Atendimentos

Um dos vários indicadores de qualidade de atendimento em hospitais de todo o país é o índice de óbitos – já que infelizmente nem sempre é possível salvar vidas mesmo com todos os cuidados aplicados. No caso do HMCML, apesar da limitação de capacidade, este índice é considerado bom tanto quando comparado tanto ao número de atendimentos, quanto ao crescimento populacional. Em 2005, quando a população oficial girava em torno de 95 mil pessoas foram registrados 524 óbitos na unidade. Em 2016, com 13.400 atendimentos e quase 150 mil habitantes, esse número ficou em 537 (considerando ainda que o hospital recebe pacientes de outras cidades).

A população enxerga a dedicação e o trabalho dos funcionários do HMCML. Fátima Maria da Conceição, de 32 anos, dona de casa e moradora do bairro Bananal, teve um bebê em casa no dia 21/01. Como não houve tempo de chegar ao hospital, amigos a levaram à UPA de Inoã. De lá, ela e o bebê foram transferidos de ambulância para o hospital. “Assim que chegamos eu e meu filho fomos medicados. O médico nos atendeu e todos os dias ele e a equipe nos dão atenção. Foi muito bom ter vindo para cá”, avalia. “Sei que aqui temos medicamentos. Não dá para imaginar se eu tivesse que ir para Niterói, pois não sei o que poderia acontecer com meu filho até chegar lá”, declarou Fátima Maria.

A cozinheira Gracileide Araújo Barbosa, de 29 anos, mora em Inoã. Examinada pela equipe médica do hospital no dia 22/01, foi medicada para diminuir a pressão arterial e em seguida  submetida à cesárea. “Passei mal em casa. Vim para o hospital com a pressão alta. O médico me atendeu e me medicou. Fiz a cesárea e dou nota 10 para tudo, pois a equipe daqui é muito boa”, descreve. “Algumas pessoas me falaram para procurar um hospital em outra cidade. Quando cheguei aqui vi que não era nada do que falavam. Pelo contrário, eu indico o hospital de Maricá para todo mundo, pois eu minha filha fomos muito bem atendidas”, completou Gracileide.

Ritmo intenso na ortopedia

Na ortopedia o ritmo também é intenso: nesses primeiros 25 dias do ano 28 procedimentos cirúrgicos desse tipo foram feitos pela equipe médica do hospital – mais de um por dia na média. A dona de casa Bianca dos Santos Fontes tem 37 anos e mora no bairro Boqueirão. Ela acompanhava o filho, Fabrício Fontes da Motta, de 16 anos, que sofreu um acidente de moto e foi levado para o HMCML no dia 07/01. “No mesmo dia meu filho foi atendido, medicado e operado. Ontem (23/01) passou pela segunda cirurgia”, conta. “Desde o dia em que chegamos aqui não vi dificuldade alguma no hospital. Meu filho tem todos os medicamentos e atendimento”, completa. Ainda segundo Bianca, em outra ela mesma e o pai também precisaram ser internados na unidade e todos foram bem atendidos, concluiu.

Quem também aprova o atendimento é o pintor de paredes Wanderlei de Abreu Xavier, de 39 anos, morador de Itaipuaçu. Ele foi atropelado por um ônibus no dia 31/12. “Assim que cheguei ao hospital fizeram Raios-X em todo meu corpo e procedimentos para diminuir a dor. Havia quebrado o fêmur. Tenho medicação e sempre muita atenção dos médicos e da enfermagem. Fui operado no dia 23/01 e estou bem. Essa não é a primeira vez que fico aqui. Há uns oito anos sofri queimadura com gasolina e também fui muito bem tratado”, descreveu.

Elisabete Lemos Vieira Ferreira é bancária aposentada, tem 66 anos e mora em São José. Após cair de moto no dia 30/12, foi levada para o HMCML e passou pela equipe médica. Retornou à unidade no dia 13/01 e ficou internada e foi operada no dia 18/01. “Tive fratura no úmero e coloquei uma placa. Sou cardiopata, mas assim mesmo o HMCML teve suporte técnico para me operar. Sei que o hospital é pequeno, mas o suporte é de um grande hospital. Isso é credibilidade”, relatou a paciente.

Reforma

A preocupação em manter o hospital com o melhor padrão de atendimento possível é constante. Ao término da reforma atual (troca de piso, hidráulica, esgoto e outros serviços) na enfermaria feminina de pós-operatório da ortopedia, será a vez do pós-operatório masculino e, em seguida, da emergência. A fim de aumentar a qualidade, também está em vigor a padronização do protocolo de conduta em casos suspeitos de tuberculose, meningite e H1N1. “Nossa intenção é dar um atendimento digno e humanizado à população. Estamos trabalhando na contramão da saúde, pois enquanto no estado vemos unidades e hospitais sendo fechados, Maricá aumenta a capacidade. Além disso, estamos traçando o planejamento para o mês de março, a fim de que todos os setores do nosso hospital trabalhem plenamente”, afirmou a médica Simone Maeso, subsecretária de Saúde.

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