Paraibanos apresentam “O Deus da Fortuna” no Centro Popular Henfil

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O Coletivo Alfenim, grupo teatral de João Pessoa (PB), apresentou quinta-feira (23/06), no Centro de Cultura Popular Henfil, o espetáculo "O Deus da Fortuna", uma parábola sobre o sistema capitalista e suas formas de dominação das forças de trabalho. Criação e adaptação do diretor Marcio Marciano, com base na peça "A alma boa de Set Suan" (do dramaturgo alemão Bertolt Brecht), a história se passa em uma província da China, em casa de um grande proprietário rural (Sr. Wang) que manda construir uma enorme imagem do deus Zhao Dong Ming, o "Deus da Fortuna", em sua sala. Como este não o atende em sua ameaça de falência, Wang ameaça colocar a estátua no jardim, debaixo de sol e chuva.

O deus, que é representado montado em um tigre, encarna na pele do banqueiro Cai Fu, a quem Wang, depois de vários empréstimos, consegue o definitivo vendendo a honra de sua filha Djin Djing, para que o filho de Cai Fu case com ela. Os fantasmas de sua mulher suicida e de três empregados, o ameaçam para que ele desista do intento. Mesmo tremendo, ele diz "não ter medo de fantasmas". Ele então recebe o dinheiro empenhado, que se transforma em sal, não sem antes ouvir a premissa do deus da fortuna: "Tudo que é sólido desmancha no ar".

Como o banqueiro não perdoa a dívida, o casamento é anulado antes de ser consumado. Colonos de Wang rebelam-se ao mesmo tempo contra ele, devido ao não pagamento dos salários. Cai Fu, o deus da fortuna encarnado, propõe o julgamento de Wang por seus colonos que, premidos por suas necessidades e alienados, o perdoam. A peça termina mostrando em uma projeção ao fundo, a queda de arranha-céus, uma alegoria do capitalismo, e a promessa dos empregados, na voz da personagem Sra. Shu: "um dia os pobres darão um chute nos ricos".

O elenco é formado por: Ricardo Canelli (Sr. Wang), Adriano Cabral (Deus da Fortuna), Vitor Blam (Sra. Shu, colono e tigre), Paula Coelho (Lin Pô), Lara Torrezan (Djin Djing), Nuriey Castro (músico e filho do sr. Cai Fu), Mayra Ferreira (violoncelista), Veronica Cavalcanti (segunda empregada).

Samara Cândido, 17 anos, moradora de Ubatibna, e estudante do 3º ano do Ensino Médio na E.E. Elisiário Matta, disse que gostou muito da atuação dos atores: "Eles conseguem trocar de roupa e personagem com a mesma rapidez, convencendo a gente", disse. A atriz paulista Barbara Esmênia, de 31 anos, do Teatro do Oprimido, disse que a parábola do deus-mercadoria continua presente nos dias de hoje. "Tem muita gente trocando seus sonhos por alguma coisa que a desvia do seu ideal, e que não vai fazê-la feliz", concluiu.