Fórum debate modelo político na Tenda dos Pensadores

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Um fórum de debates com a argentina Nora Cortiñas, o pastor Ariovaldo Ramos (RJ) e o pernambucano Marcelo  Barros (MST), foi realizado sábado (25/06), na Tenda dos Pensadores, na Barra de Maricá, durante o Festival Internacional da Utopia. No encontro, Nora Cortiñas, comoveu os espectadores ao discorrer sobre questões como a busca por justiça pelas famílias de desaparecidos (Mães de la Plaza de Mayo),  xenofobia e solidariedade internacional aos povos injustiçados, e asilo a refugiados. "O povo curdo, por exemplo, vem sendo perseguido há décadas por quatro países vizinhos. Os haitianos sofrem discriminação depois de terem passado por um terremoto em 2010 que dizimou parte da população do país. A Argentina ainda não solucionou totalmente o desaparecimento de seus filhos durante o regime militar. Industrias despejam agrotóxico pelo mundo, envenenando populações", descreveu Nora. "Temos que nos unir para tratar dessas questões, que são graves, e fortalecer a resistência criando um modelo social mais igualitário e permitindo que os pobres tenham as mesmas oportunidades, em um modo de vida mais sustentável, natural e saudável", completou. 

O pastor Ariovaldo Ramos declarou que há desconhecimento da população sobre a Frente Evangélica em Defesa do Estado de Direito. “Há uma parte da bancada evangélica no Congresso Nacional que é inconsciente e vota em leis e emendas retrógradas, mas existe também um grande número de cristãos conscientes e politizados, que desejam a volta da democracia e a implantação de uma reforma política e judiciária", analisou. "Entendemos que o Estado brasileiro é laico e defendemos uma participação maior na sociedade das etnias e de gêneros. Não temos o direito de excluir socialmente ninguém pela cor de pele, religião ou orientação sexual. Temos de acolhê-los como cidadãos e seres humanos. Claro que temos nossa convicção religiosa, mas não podemos impingi-la a ninguém. A fé é voluntária", acrescentou. "O empresariado errou, quando deixou de apoiar o Estado e a retomada da indústria, em especial a indústria naval, deixando de investir mais no desenvolvimento do país. Acreditou que poderia se unir ao capital internacional, mas acabou se submetendo novamente, pois é pequeno para isso", continuou. "A esquerda errou politicamente quando relaxou com o controle social do país. Quando não julgou os ditadores de 64, em tribunais internacionais por crimes  contra a humanidade. O resultado é que eles voltaram e não permitiram ser indiciados, viraram o jogo e perdemos o poder. Retrocedemos, embora as conquistas sociais sejam incontestáveis", completou, antes de finalizar. "Temos de nos organizar melhor, resistir e avançar, com mais consciência e seriedade”. O teólogo pernambucano Marcelo Barros, mudou a tática do debate acadêmico para uma estratégia mais informal e pedagógica. Iniciou traduzindo o que é Utopia, contou sua experiência como militante do MST, e passou um clip com o músico Zé Vicente, cantando a música Utopia. A plateia ficou de pé para cantar e aplaudir. A seguir, foi aberto espaço para perguntas e respostas.

À tarde, o pastor Ariovaldo Ramos se reunião com líderes evangélicos de Maricá, em um encontro no Centro Cultural Henfil. Na ocasião, o coordenador da frente de evangélicos pelo estado de Direito, o pastor leu um texto bíblico no qual Jesus Cristo fala sobre o governo de Deus ser exercido em favor dos pobres. "Todos reconhecem que os cristãos mudaram a face da História. Eles disseram para cuidar dos idosos, proteger mulheres e crianças. Então para pensar a história devemos ter como base programas de apoio às crianças, elas não precisam de quem diga porque sofrem, mas como por fim a esse sofrimento", acrescentou. "Vim representar a frente para dizer que há um grupo de evangélicos que está tomando posição e orando. Neste momento, entram as bem-aventuranças que o Espírito Santo nos deu para consolar os que choram. Porque a paz do Senhor é a benção de Deus para que todos tenham uma vida de dignidade. Saciar os que tem fome e sede de justiça. E de que lado nós estamos?”, perguntou.