Saúde esclarece em seminário questões sobre exposição a agrotóxicos

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A Secretaria Municipal Adjunta de Saúde, através do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio e Ministério da Saúde, realizou nos dias 31/08 e 01/09, o “Seminário Estadual de Vigilância da População Exposta a Agrotóxico”. O evento aconteceu na casa de festas Palladon. Coordenador do Cerest Metro II 2, Rodrigo Pereira explica que o objetivo da capacitação é implantar ações de vigilância em saúde na região, para trabalhadores e familiares que lidam com tais produtos. A unidade de Maricá, segundo ele, dá suporte técnico a cinco municípios: Maricá, Itaboraí, Rio Bonito, Tanguá e Silva Jardim. “Atuamos dentro dessas cidades com a ideia de fazer essa vigilância”, disse Rodrigo.

“É muito prazeroso proporcionar uma capacitação que permita a integração intermunicipal a fim de fortalecer a vigilância em saúde do trabalhador, especialmente daqueles expostos a agrotóxicos", avaliou a secretária municipal adjunta de Saúde, Fernanda Spitz. "O produto final dessa ação será um plano para melhorar a qualidade de vida deles e das famílias”, declarou. “Dessa forma, há o fortalecimento dessa área que está em crescimento no município”, acrescentou a superintendente de Vigilância em Saúde de Maricá, Carolina Monteiro, referindo-se também à importância da qualificação.

Lise de Barros, Tecnologista da Fiocruz e palestrante no evento frisou a importância de uma política do estado para garantir atendimento gratuito aos agricultores e familiares. Além disso, destacou a importância do cuidado com o consumo. “A população não pode parar de consumir. Mas deve lavar muito bem os produtos", disse. "Importante também é comprar o mais distante possível da roça, ou seja, comprar no comércio. É na roça que a maioria dos produtos está com agrotóxico superativo. Hoje a capina é feita com química. Joga-se a semente e aí acontecem várias passagens de agrotóxicos durante o crescimento de uma planta”, explicou Lise, acrescentando que o nível do agrotóxico decai com o tempo. “O produto sai da roça e a toxidade decai. Por isso é importante passar pelo distribuidor e chegar ao comércio. Isso diminui muito a capacidade de adoecimento”, explicou.

O segundo palestrante foi Pedro Coscarelli, médico da saúde do trabalhador do estado e professor da UERJ. Segundo ele, o Brasil utiliza agrotóxico muito acima da média mundial. “Somos os maiores usuários do mundo. O trabalhador rural é extremamente afetado pelo uso inadequado, seja pelo uso desnecessário ou incorreto", descreveu. "Quando o uso é correto não são utilizados equipamentos de proteção”, completou. Para o professor, mesmo que o trabalhador rural seja o mais afetado, todos podem ser afetados, seja pelo consumo de alimentos contaminados ou pela contaminação da água, do solo e do ar.

Diretor da Divisão Estadual de Saúde do Trabalhador e do Cerest estadual, Jorge de Almeida comenta que há preocupação com o consumo alto de agrotóxico em referência à área plantada. “Nosso desejo é trazer um alerta para o trabalhador da agricultura em relação a esses produtos. Dessa forma, podemos informar a população e principalmente identificar os agravos como por exemplo, as intoxicações”, disse.

Agrotóxico é todo produto químico destinado ao controle de pragas e doenças que afetam a produção agrícola e que podem provocar danos à saúde das pessoas, dos animais domésticos e ao meio ambiente. Entram no organismo pelas vias dérmica (pele), respiratória (por inalação) e oral (ingerido). No evento, estavam presentes representantes de municípios da Metro II 2, autoridades municipais e representantes de Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Saquarema, Cachoeira de Macacu, Seropédica e de Cabo Frio.