Festa do Dia do Trabalho tem Sinfônica Ambulante e encerramento do projeto sobre Golpe de 64

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A comemoração do Dia do Trabalho foi movimentada em Maricá. A Praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro, recebeu apresentações como a do grupo de teatro D´Jotas, com seus 33 atores, do corpo de baile da Cia Vida de Dança, de músicos e até personagens emblemáticos como o Carlitos interpretado pelo ator Cristian da Costa Brum, de 18 anos.  A programação marcou o encerramento do projeto “Golpe de 64, A História que não foi contada” e foi montada pela Prefeitura, com a participação das secretarias municipais de Cultura, Trabalho e Emprego, Direitos Humanos, Educação, Turismo e Lazer.   

As apresentações aconteceram no palco montado em frente à Casa da Cultura, com esquetes teatrais, performances e a apresentação de documentários da época, O material incluiu flashes de entrevistas de maricaenses como Josefina Fontoura (Dª Fininha), ex-secretária de Educação de Maricá, Luiz Carlos Bittencourt , presidente do ISSM, Aldemir Bittencourt, subsecretário municipal de Habitação, e de Cohen, ex-assessor político do governador Leonel Brizola, entre outros, que testemunharam pessoalmente ou através de seus parentes, a brutalidade do regime militar que promoveu o golpe de Estado em 1964.

Foram apresentadas cenas em vídeo de casos como o do industrial dinamarquês Henning Boilesen (protagonista do documentário “Cidadão Boilesen”), integrante de um grupo de empresários que deu suporte material ao aparato de repressão do regime, e que acabaria executado em plena rua.  Os atores representaram também cenas de perseguição e tortura, além da chamada, sob o ruído de tambores, da execução de militantes de esquerda como Carlos Marighela, Carlos Lamarca, Lúcio e Maria Lúcia da Silva Petit, e de pessoas de oposição ao regime, mas que não integravam nenhuma organização, como é o caso da estilista Zuzu Angel, morta em um suspeito acidente de carro quando buscava informações sobre o paradeiro de seu filho.  Ou o do jornalista Vladimir Herzog,  assassinado nas dependências do Doi-Codi, em São Paulo.

A música “Para não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, com o secretário municipal de Cultura Sérgio Mesquita e todo o elenco no palco, encerrou uma apresentação comovente e educativa para o público que acompanhou. “Assim como nós, muitos outros casais de nossa geração devem ter aprendido mais sobre a época, para transmitir aos filhos“, disseram Robson Cunha, 46 anos, e Alessandra Camargo, 38.

Sinfônica Ambulante

A programação continuou com a não parou por aí.  A convite da secretaria municipal de Trabalho e Emprego, a Sinfônica Ambulante, banda de percussão e metais que já é referência cultural em Niterói e região, fez uma apresentação no espaço em frente à Casa de Cultura, levantando o público, que interagiu com as performances dos 18 instrumentistas que tocaram por mais de uma hora, sem intervalos.  Pedro Sighethi, 25 anos, músico, e a namorada Camila Muniz, 23, gostaram de tudo. “Tanto o evento sobre 1964, quanto a Sinfônica Ambulante, foram da melhor qualidade, só visto nas grandes cidades, como Rio e São Paulo”, comentaram. “Pensamos esse trabalho em bloco”, comentou o secretário de cultura.  

Para o secretário municipal de Direitos Humanos, Miguel Moraes, o evento foi uma forma inteligente de resgatar uma fase da recente história política do país. “Embora seja uma lembrança doída para muitos, é importante esse resgate para ensinar aos mais novos e para que não se repitam erros do passado, como aqueles dos anos de chumbo, quando trabalhadores, intelectuais e artistas foram presos, torturados e mortos, deixando enlutadas centenas de famílias inteiras”, disse.