Foto: Evelen Gouvêa

A manhã desta quinta-feira (14/07) foi de debates no Cine Henfil, no Centro, durante o seminário “Maricá: economia circular para um desenvolvimento econômico e social sustentável”, promovido pela Editora Globo, Prefeitura de Maricá e Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar). Durante o evento, que teve transmissão online pelas redes sociais do jornal O Globo e mediação do jornalista Pedro Dória, foram abordadas as políticas públicas que vêm sendo implementadas pelo governo municipal e que entraram em evidência com a crise trazida pela pandemia da covid-19, quando as medidas de proteção asseguraram o suporte econômico a trabalhadores e empresários locais.

O prefeito Fabiano Horta fez a abertura oficial do seminário e falou sobre a garantia do direito social da população através dessas políticas públicas, como a transferência de renda operada pelo programa Renda Básica de Cidadania e o transporte público gratuito, disponível com os ônibus Vermelhinhos da Empresa Pública de Transportes (EPT).

“O exemplo de Maricá está sendo replicado em cidades próximas como Niterói e Cabo Frio, que também criaram suas moedas sociais inspiradas na nossa Mumbuca, e Itaboraí está criando a sua no mesmo molde. O caminho é esse mesmo, as cidades devem criar um senso distributivo na construção do direito social e da inclusão”, destacou Fabiano.

Palestras

O tema do primeiro painel foi “Olhando para o futuro: o desafio de compatibilizar desenvolvimento econômico com justiça social”. Na abertura, o presidente da Codemar, Olavo Noleto, mostrou como iniciativas municipais os programas de Amparo ao Trabalhador (PAT) e de Amparo ao Emprego (PAE), pagos através da moeda social Mumbuca, impediram que empresas da cidade demitissem funcionários durante a pandemia. Ele também alertou para a histórica arrogância e o preconceito da elite brasileira diante de programas assistenciais como esses.

“Esse grupo muitas vezes contesta fala na tal porta de saída, perguntando se não vamos ensinar essas pessoas a pescar. O trabalhador brasileiro nunca pediu esmola, o que ele quer é oportunidade. Maricá hoje pode criar condições para que este trabalhador esteja inserido neste projeto, e um desses instrumentos é a moeda Mumbuca, que é utilizada na execução desses programas”, lembrou Olavo.

Na sequência, o pesquisador e mestre em Economia Política pela PUC-SP, Gabriel Galípolo, citou a antropóloga norte-americana Margaret Mead, que afirmava que a civilização como conhecemos começou quando um indivíduo passou a cuidar do outro, o que fomenta a ideia de união em prol da comunidade em detrimento de si próprio, de sua sobrevivência.

“A economia não é uma coisa exclusiva dos economistas, ela precisa se voltar para o espaço democrático. É preciso incluir a população no processo econômico e acabar com a oposição entre privado e estado, que é uma prisão, algo que engessa o desenvolvimento. Viver em sociedade significa dizer que um vai cuidar do outro deste a infância até a velhice”, ressaltou Gabriel.

Finalizando este painel, a ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou que é insuficiente pensar a sustentabilidade sem incluir a população. Ela citou Maricá como um exemplo dessa inclusão e de políticas públicas que podem reduzir a pobreza nas cidades e no país, como aconteceu no início dos anos 2000.

“Naquele período, o Brasil reduziu a pobreza não com uma política pública somente, mas através de um conjunto dessas políticas, como a valorização do salário mínimo, da merenda escolar e outros. É preciso voltar a articular essas políticas nacionalmente, e Maricá mostrou que isso é possível. Isso também passa por uma questão social, onde superar a pobreza é também superar o preconceito contra o pobre”, sustenta ela.

Sobre a moeda Mumbuca

A moeda social Mumbuca vai completar nove anos de circulação em Maricá em dezembro deste ano, assegurando suporte econômico à população que mais precisa e tornando-se o mecanismo de transformação social na cidade. Ela surgiu a partir de uma política pública, por meio da Lei nº 2.448, de junho de 2013, que instituiu o Programa Municipal de Economia Solidária, Combate à Pobreza e Desenvolvimento. Ao todo, mais de 42 mil maricaenses em vulnerabilidade são beneficiados pelo programa de Renda Básica de Cidadania (RBC), que concede 170 mumbucas mensais (equivalentes a R$ 170) para serem utilizados em 12.608 mil estabelecimentos comerciais credenciados.

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