Cerca de 30 pessoas participaram do curso na unidade agroecológica do Manu Manuela - Foto: Elsson Campos

Cerca de 30 pessoas participaram no sábado (04/08) do curso de Comercialização Institucional na unidade agroecológica do Manu Manuela. A iniciativa é da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca de Maricá com a Cooperativa de Trabalho em Assessoria a Empresas Sociais em Assentamentos de Reforma Agrária (Cooperar). De lá, o grupo seguiu para a sede da secretaria, para a sexta capacitação. Ambas tinham como foco a parte de gestão, baseada não apenas na parte prática do plantio, mas também no custo necessário para todo o processo e sua comercialização.

“Eles precisam saber quanto custa cada molho de alface, couve e beterraba, além do tempo destinado a essa produção para saber por quanto vender cada produto. Produto agroecológico tem que ter preço justo”, explicou o engenheiro agrônomo, Anderson Vinícius Oliveira, antes de completar: “É possível colher um alimento saudável, bonito e de qualidade. Não é porque o alimento é orgânico que tem que ser feinho, como muitos dizem”.

A base para os cálculos foi uma mandala de 400 metros quadrados, que é o tamanho do espaço que a Prefeitura cedeu no local para trinta famílias da região. “Só para vocês terem uma ideia na semana passada foram colhidas 180 caixas de hortaliças e essa semana, na quarta-feira, mais 94 caixas. Hoje, já tem mais hortaliça para ser retirada. Então, vamos analisar isso”, ensinou o engenheiro-professor, minutos antes do grupo iniciar uma nova colheita. Foram colhidos 86 molhos (entre alface e couve) em apenas um dos canteiros de sete metros quadrados.

“Se você ganha R$ 12 por metro quadrado, em doze metros de canteiro recebe R$ 1200 por semana. Não é só lucro, renda líquida, tem custos também, mas se as despesas são 75% do que eu colho, então dá pra sustentar a família com um bom salário. Afinal, na cidade tem gente que compra e ainda falta quem produz, tanto que muitas pessoas vão buscar o que querem no Ceasa”, garantiu Anderson.

“É com a convivência que a gente aprende a lidar com a natureza, porque não é o que a gente quer, mas o que ela precisa. Tem planta, por exemplo, que absorve água na raiz. Uma vez, uma amiga me pediu para cuidar da plantação dela e eu molhei a rosa do deserto. À tarde, quando voltei, tinham caído as folhas todas, aí eu vi que tinha feito besteira. Liguei pra filha dela e ela me falou que essa planta é assim. Não precisa molhar”, contou Gleicy Carvalho (47 anos), aposentada por invalidez, moradora do Condomínio do MCMV de Inoã, que resolveu exercer a atividade por estar em meio a um tratamento psiquiátrico. “Gosto de lidar com planta e terra, então estou unindo o útil ao agradável. Isso está me distraindo, me ajudando bastante”, completou.

Para o casal Écio Rosa Ferreira (60 anos) e Iolésia Ferreira (58 anos), moradores do Manu Manoela, plantar é uma excelente atividade. “Eu sou da comissão da horta e estou engajado aqui desde o embrião. Plantei 216 pés de aipim e ainda não sei o que vou fazer com eles, se vou vender ou dar para alguém, porque já tenho plantação de banana, laranja, limão na minha casa para a nossa alimentação”, disse o aposentado. “Isso aqui é um vício. Nós viemos sempre de três em três dias e quando não dá, sentimos falta. Quando as mudas começaram a crescer, deu uma emoção muito grande”, lembrou sorridente a esposa.

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