A Prefeitura de Maricá, por meio do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM) e da Secretaria de Saúde, recebeu, na manhã desta terça-feira (30/11), 250 aparelhos de respiração mecânica não invasivos para equipar os hospitais municipais Dr. Ernesto Che Guevara (São José do Imbassaí) e Conde Modesto Leal (Centro). Os aparelhos serão patenteados pelo município.

Desenvolvido pela empresa Tracel Industrial, Comércio e Serviços, o equipamento de ventilação não invasiva foi a primeira encomenda tecnológica feita por meio do Código Nacional de Ciência e Tecnologia e da Lei de Inovação. A cerimônia de entrega dos respiradores foi no Cinema Henfil, no Centro.

O equipamento se assemelha a um capacete de astronauta com cabos acoplados ao respirador. Ao inserir sobre a cabeça do paciente, não há necessidade do médico utilizar a técnica de intubação, que é invasiva. O respirador mecânico não invasivo gera pressão que joga o oxigênio dos cilindros diretamente para dentro dos pulmões do paciente.

Fábrica de respiradores em Maricá

A iniciativa em inovação passou a ser diretriz do ICTIM na aquisição de compras públicas e de seus parceiros no desenvolvimento de projetos. Também está prevista a construção de uma fábrica da Tracel em Maricá, com a oferta inicial de 20 empregos diretos e indiretos na linha de produção. A prefeitura poderá receber pela venda dos produtos desenvolvidos pela empresa.

“A solução do desenvolvimento deste aparelho de respiração mecânica não invasiva foi uma experiência inovadora, utilizando a capacidade de compra do município, por meio de uma encomenda tecnológica”, destaca o diretor-presidente do ICTIM, Celso Pansera. “Nosso objetivo é ajudar a moldar uma nova economia para Maricá, mais moderna, inclusiva e tecnológica. O primeiro passo já está dado”, acrescentou.

Para a secretária de Saúde, Solange Oliveira, o projeto reafirma a identidade do município.

“É motivo de muito orgulho ver a cultura da produção do conhecimento ser implantada em Maricá. A parceria com a secretaria e seus técnicos permitiu desenvolver essa nova tecnologia. A soma das ações dos entes públicos produzirá muitos resultados que contribuirão para a qualidade de vida das pessoas”, afirma. O subsecretário de Ensino e Pesquisa da Secretaria de Saúde, Dr. Marcelo Velho, também participou do evento.

O estudante Fausto Beltrão, de 32 anos, foi um dos atendidos com o respirador não invasivo durante teste do aparelho no Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara. Com um quadro grave de Covid-19 à época, Fausto reforçou que o equipamento foi essencial para ser tratado de forma mais eficaz e humanizada.

“Minha experiência com esse equipamento foi incrível. Não sofri qualquer desconforto e pude me comunicar com a equipe de enfermagem, tudo isso em um hospital excelente, com toda a estrutura. Tive 75% dos pulmões comprometidos e o respirador não invasivo me ajudou a superar”, garantiu.

O secretário de Governo, João Maurício, relembrou o esforço da gestão para a abertura do Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara no início da pandemia.

“Foi um trabalho coletivo, árduo para colocar o hospital funcionando e agora vemos o quanto valeu a pena o esforço após ouvir o depoimento do Fausto. Tenho certeza que esse capacete servirá de exemplo e de modelo para outras cidades”, declarou saudando as equipes de profissionais da Saúde e do ICTIM.

Durante a solenidade, o presidente de inovação da empresa parceira, Hugo Villela de Miranda, fez a demonstração de utilização do aparelho com o auxílio do estudante Fausto Beltrão.

Benefícios da ventilação mecânica não invasiva

A solução oferece mais conforto para o paciente e facilita o atendimento do profissional de saúde. A ventilação não invasiva (VNI) foi amplamente utilizada no manejo de pacientes selecionados com quadro agudo de insuficiência respiratória durante a pandemia da Covid-19. As principais vantagens da VNI foram a prestação de assistência ventilatória por meio de técnicas que não contornem as vias aéreas superiores, evitando os efeitos colaterais e complicações relacionadas à intubação.

“A concretização desse instrumento pouco invasivo oferece ao nosso paciente uma oxigenação sem desconforto. Nós vimos isso na prática com o paciente e medimos a qualidade e as várias etapas da falta de ar. É fundamental trazer e incorporar novas tecnologias em saúde para a cidade de Maricá”, afirma o médico Dr. Jorge Francisco da Cunha Pinto, do Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, que participou da pesquisa.

O investimento do município com a aquisição dos aparelhos de respiração é de R$ 1,1 milhão.

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