Foto: Clarildo Menezes

As ações de drenagem realizadas pela Prefeitura de Maricá nas diferentes áreas do município procuram sempre impedir ou equacionar problemas históricos de alagamentos. Alguns desses locais, no entanto, se tornam verdadeiros desafios para as equipes incumbidas de executar as soluções.

Entre os casos considerados mais crônicos atualmente dois merecem destaque: o de Itaipuaçu – numa área entre a Avenida Jardel Filho (antiga Avenida Dois) e o condomínio ‘Minha Casa, Minha Vida’ – e da praça Orlando de Barros Pimentel, no Centro.

De acordo com a autarquia de Serviços de Obras de Maricá (Somar), em ambas o problema é o mesmo: a proximidade do lençol freático com o terreno natural.

“Essa situação ocorre nos dois lugares, o que dificulta a instalação das galerias numa altura que garanta o escoamento do fluxo de água. No Centro, há ainda uma outra questão que é um grande bolsão d’agua no subsolo. Para retirá-lo, seria preciso interditar a região de maior movimento em toda a cidade. É uma extrema complexidade”, avalia Gustavo Camacho, que administra o setor responsável pelas intervenções.

No caso de Itaipuaçu, onde a antiga Avenida Dois recebeu a maior ação de macrodrenagem já realizada no município (que teve duração de quatro anos e solucionou um problema que afetava em torno de 70 ruas), uma solução possível seria a implantação de um sistema de comportas para controlar o fluxo em direção à Lagoa Brava, transformando-a num ponto de dissipação.

A simples intervenção, sem esse controle, poderia fazer com que em vez de drenar a região, a lagoa fosse drenada por ela, dada a pequena diferença de nível entre os dois locais. Já no Centro da cidade, uma das possibilidades é fazer o escoamento em direção ao Canal da Cidade com uma nova galeria na Rua Álvares de Castro, mas isso também está em estudos.

Também no entorno do Centro, outra obra de drenagem bastante complexa está prevista para este mês. Diversos órgãos do governo municipal estudam os impactos de uma obra de macrodrenagem que implicará no fechamento da Rua Abreu Sodré, uma das principais vias do Centro.

Os técnicos justificam que, com a obra, os alagamentos causados pelas chuvas no Centro e no Parque Eldorado serão bastante reduzidos, já que a água proveniente do Flamengo e do próprio Centro será canalizada diretamente para o rio Mumbuca. Para tanto, será construída sob a Rua Abreu Sodré uma galeria de drenagem de 3 metros de largura por 2,5 metros de altura, numa extensão de cerca de 400 metros da via.

“Esse local corresponde à rotatória que fica ao lado da ponte da Mumbuca, um local já conhecido pelos congestionamentos nos horários de pico. Agora imagine colocar uma rede de grandes galerias ali, que é por onde a obra irá começar. É algo que requer, além de tempo, um profundo estudo que vai envolver trânsito e uma infra-estrutura que seja eficiente para oferecer a solução necessária. É o que está sendo pensado agora”, sinaliza Camacho.

Duas áreas de São José de Imbassaí também apresentam dificuldades para esse tipo de obra. Na primeira, uma extensa rede de macrodrenagem deverá ser implantada na área comercial do bairro, o que vai acarretar no bloqueio de algumas ruas. Perto dali, no loteamento Ouromar, o projeto semelhante esbarra em algumas construções que, quando não são irregulares, são mal projetadas e estão erguidas no que seria o percurso da rede

Para se ter uma ideia, uma intervenção mais simples que está sendo realizada em Itapeba vai levar, no mínimo, quatro meses para ficar pronta. A orla conhecida como ‘João Português’ vai ganhar um novo acesso com a urbanização do canal da Avenida Beira Rio, no trecho entre a Vereador Aloísio Rangel de Freitas e a rodovia RJ-106.

Estruturas pré-moldadas com 2 metros e altura e 4 metros de largura serão instaladas numa extensão aproximada de 300 metros e, em seguida, uma nova urbanização será feita sobre essa estrutura, pela qual vai passar o córrego.

Para Gustavo Camacho, esta obra é um exemplo do quão complexa uma ação de drenagem pode ser. “Cada uma dessas peças pré-moldadas pesa de 5 a 6 toneladas e conseguimos instalar, em média, quatro dessas por dia porque requer um extremo cuidado e precisa estar bem encaixada e alinhada. Serão mais de 200 dessas colocadas e, nesse ritmo, serão necessários cerca de quatro meses para finalizar esta etapa para, então, concluir a urbanização. Em outros locais, esse prazo tende a ser maior”, afirmou.

A engenheira civil Kiane Souza, que gerencia alguns desses projetos na Somar, explica que a topografia natural de Maricá aliada ao nível do sistema lagunar cria um grande problema na hora da instalação das redes de drenagem.

“Trabalhamos com uma ‘cota de cobrimento’ na hora da montagem que deve ser, no mínimo, de 40 centímetros entre o solo e as peças instaladas. Ocorre que muitas vezes a proximidade do lençol freático com a rua não permite que consigamos essa distância, isso gera a situação em que o nível da rua sobre e as casa ficam abaixo disso. Estamos sempre estudando soluções para evitar esse e outros transtornos”, ressaltou a engenheira.

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