Atendimento no hospital municipal - Foto: Evelen Gouvêa

O Hospital Municipal Conde Modesto Leal, no Centro, é uma unidade para atendimentos de urgência e emergência, mas possui um setor específico para curativos complexos que muitos desconhecem: a sala de Cobertura. O local pertence ao Centro de Diagnóstico e Tratamento (CDT) e recebe diariamente pelo menos uma centena de pacientes com diversos tipos de lesões causadas por queimaduras, úlceras (venosa e arterial), cirurgias, entre outras patologias que necessitem de curativos. Poucos municípios do estado possuem uma instalação desse tipo.

Composta por uma equipe com um enfermeiro e três técnicos de enfermagem, a sala é equipada e abastecida com insumos de alto custo, em sua maioria importados, dificilmente encontrados até na rede privada e cuja eficiência acelera o tratamento dos pacientes. De acordo com o responsável técnico do CDT, Marcos Aurélio de Barros, os produtos utilizados reduzem o tempo de recuperação dos pacientes e o desgaste físico, fazendo com que não precisem ir todos os dias à unidade hospitalar para refazer o curativo.

“Havia uma paciente aqui com uma ferida proveniente de úlcera venosa já de 10 anos. Hoje consigo fechar a ferida em seis meses com esses materiais”, afirma Marcos Aurélio. “Assim, eu tiro essa paciente da atenção hospitalar e a mantenho com curativo em uma cobertura especial. Em alguns casos, ele pode fazer curativo de 72 em 72 horas e não precisa vir todos os dias ao hospital”, afirmou o enfermeiro assistente da sala de curativo.

Marcos Aurélio, que recebe cerca de 100 pacientes diários e aproximadamente 80 somente no período noturno, falou da emoção em poder ajudar na recuperação desse tipo de enfermo,  em geral lesões que acompanham e deprimem a qualidade de vida da pessoa por um bom tempo. “Quando coloco uma meia neles (material usado no fim do tratamento) ou fecho uma lesão de úlcera venosa, por exemplo, é uma festa. Saio daqui satisfeito e fico até emocionado em saber que conseguimos porque aquele ser humano estava com um ferimento há anos”, reforçou.

Carlos de Matos Panisset, de 43 anos, é um dos pacientes atendidos pela equipe. O auxiliar de serviços gerais sofreu um acidente doméstico no início de novembro e teve mais de 50% do corpo queimado. Agora, o morador do bairro Mumbuca está na fase final do tratamento, realizado sempre no CDT.

“Fui fazer comida, tentei quatro vezes acender o fogo, não consegui e fui colocar álcool. Quando comecei a me queimar só deu tempo de apagar a minha casa e vir aqui para o hospital acompanhado de um amigo”, relatou, referindo-se ao atendimento recebido na emergência do próprio Hospital Conde Modesto Leal. “Não aguentava sair do carro andando. Se não fossem eles, não sei o que seria da minha vida. Cheguei morto e saí vivo. Fico até triste quando não venho aqui fazer o curativo”, brincou o paciente.

Técnica de enfermagem há 15 anos, Nice Idelfonso garantiu que nunca viu uma estrutura semelhante em outros grandes hospitais de fora do município por onde atuou. “Nesses lugares tínhamos que fazer com o que estava ao nosso alcance que era só o básico: colocar soro e gazes. Agora eu vim para cá para aprender e me aperfeiçoar”, contou a profissional, que há nove anos é estatutária do município.

A qualidade do atendimento e os resultados foram comprovados em relatos colhidos pela própria secretária de Saúde. “Estive nesta segunda-feira lá e conversei com uma moça que recebia tratamento de uma úlcera venosa. Ela estava feliz, me disse que antes de conhecer ia até o Rio e ainda pagava para fazer a Bota Diurna, que é um tipo de curativo caro”, contou a secretária Simone Costa e Silva. “As Unidades Básicas do município estão equipadas para fazer atendimentos mais simples. Esses mais complexos são feitos no CDT, com materiais que poucos municípios tem. Aqui até a meia elástica para o uso posterior é fornecida”, completou.

 

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