Ônibus Vermelhinhos fazem o transporte público gratuito na cidade - Foto: Clarildo Menezes

Uma das mesas mais concorridas do seminário “Transporte como direito social e caminhos para a tarifa zero – Políticas e financiamento de transporte público”, teve como participantes o presidente da Empresa Pública de Transportes (EPT), Celso Haddad, e o ex-prefeito de Maricá e criador do programa Tarifa Zero na cidade, Washington Quaquá.

O encontro foi realizado entre os dias 17 e 19/09, pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e pela Fundação Rosa Luxemburgo no auditório do campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), com o apoio da Prefeitura de Maricá através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

A mesa “Democratização do transporte e justiça social” contou também com a participação do pesquisador da cidade de Bruxelas (Bélgica), Wojciech Kębłowski, que falou sobre um mapeamento onde foram encontradas 115 cidades no mundo onde o programa é uma realidade.

“O projeto de tarifa zero é conhecido por ser sustentável na maioria dos lugares e é sob essa perspectiva que deveríamos analisar o transporte público. Temos que pensar sobre o controle político e saber se essa questão está bem esclarecida”, disse Keblowski.

Na avaliação do ex-prefeito Washington Quaquá, a resposta é afirmativa, com mudanças reais na condição econômica e social da população da cidade.

“Muita gente já veio me falar que teve novas oportunidades de emprego, pois antes da existência do programa quem morava em Itaipuaçu, não tinha costume, nem dinheiro, para ir até o Centro de Maricá. Em contrapartida, os estabelecimentos que antes fechavam às 22h, pois depois desse horário já não tinha mais ônibus circulando, começaram a fechar uma da manhã, pois começou a ter Verrmelhinho a madrugada inteira. Começamos a fazer com que a população tivesse mais mobilidade e mais oportunidades”, disse.

Para o ex-prefeito, avanços no programa passam por questões de políticas públicas mais abrangentes. “Sabemos que não há uma política de transporte no Estado. Temos a ideia de que o transporte tem que ser privado, pois ele é caro demais, portanto o empresário precisa ser mais eficiente com mais condições de tocar um negócio, que os próprios trabalhadores têm que pagar no final das contas”, explicou.

“A discussão abordada aqui é muito importante, pois vemos cidades exemplo na Europa e na América do Norte e Maricá está nesse meio. A partir desses debates conseguimos levar experiências da nossa cidade para outros lugares do Brasil e do mundo como um modelo”, avalia o presidente da Empresa Pública de Transporte (EPT), Celso Haddad.

“A tarifa zero é, sim, uma obrigação dos governos e é sim, um direito de todos, por isso estamos trabalhando para que no próximo ano todas as linhas municipais operem 100% gratuitas a todos. A tarifa zero não só leva e traz, mas também dá a oportunidade de pessoas terem suas vidas modificadas e é isso que o seminário busca mostrar”, concluiu o presidente da EPT.

“Temos um histórico de luta de redução da tarifa no transporte público de Belo Horizonte e é sempre muito difícil conversar com os gestores e empresários de ônibus, pois para eles garantir seu lucro é mais importante do que discutir políticas públicas. Nós nos baseamos na história de Maricá e foi incrível ouvir como foi implementado e quais desafios foram superados para a implementação na cidade”, analisou o integrante do Movimento Tarifa Zero BH, Arthur Veloso, formado após as manifestações de 2013 – que trouxe à tona a discussão sobre o direito à mobilidade em quase todas as capitais e grandes cidades do país.

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