Fórum discutiu políticas públicas para população em situação de rua - Foto: Divulgação

O Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS), equipamento administrado pela Secretaria de Assistência Social de Maricá, realizou, nesta terça-feira (17/09), o Fórum de Discussão sobre a População em Situação de Rua, no espaço do Sal da Terra, no Centro.

A mesa de abertura foi composta pelos secretários de Ciência, Tecnologia e Comunicações e de Assistência Social, Sérgio Mesquita e Jorge Castor e por A., morador que, atualmente, está em situação de rua.

“Nosso objetivo é esclarecer esse universo, através de um acolhimento humano, orientando sobre os perigos da imersão total neste mundo. Além de incentivar os vínculos intergeracionais com trabalhos que envolvem, ao mesmo tempo, todas as idades”, disse Sérgio Mesquita. “A população está desenvolvendo diversas doenças invisíveis como depressão e ansiedade”, continuou o secretário de Ciência, Tecnologia e Comunicações.

“Nosso objetivo é criar leis municipais que garantam acolhimento integral com atividades e cursos de geração de renda, para que cada um conquiste sua autonomia”, afirmou o responsável pela pasta de Assistência Social, Jorge Castor. “É de extrema importância acabar com os pré-julgamentos destes cidadãos, pois ninguém sabe os reais motivos de alguém parar na rua. Todos nós enfrentamos problemas familiares, no trabalho ou a falta dele, além de problemas psíquicos. Nossa missão é não deixá-los sozinhos, principalmente quem procura ajuda”, finalizou Castor.

O coordenador do SEAS, Pedro Victorino, apresentou o projeto de Lei estadual nº 985/2019 de autoria da deputada Rosângela Zeidan. Este projeto de lei faz parte do esforço de garantir a responsabilidade do estado no processo de coordenação e execução das políticas para esta população, previsto em lei, visando a (re) integração destas pessoas às suas redes familiares, comunitárias e sociais, o acesso pleno aos direitos garantidos aos cidadãos brasileiros, o acesso a oportunidades de desenvolvimento social pleno, considerando ainda as relações e significados próprios produzidos pela vivência do espaço público da rua.

A segunda mesa foi composta pelo advogado da Secretaria de Assistência Social, Fabio Pavie, pela assistente social do SEAS, Dayane Gomes e pelo assistente social, fundador da Casa Lázaro e autor do livro “Flores Amarelas”, Marcelo Jaccoud.

Pavie explicou o perigo do impositivo jurídico, pois não se tem uma análise do caso concreto em si. “O projeto de lei preconiza uma visão mais ampla e justa, protagonizando estes cidadãos e assegurando seus direitos aos serviços de políticas públicas”, afirmou.

Dayane apresentou os serviços do SEAS e alertou sobre dar maior visibilidade para as questões reais para as pessoas que estão nas ruas, pois segundo ela houve um aumento expressivo desse contingente no município e se faz necessário entender os motivo.

Marcelo Jaccoud abordou sobre o tema com uma crítica à internação compulsória, com o apoio ao oferecimento dos serviços de Saúde, abrigos pequenos e espaços de convivência para que cada um encontre sua saída da rua.

Marcelo contou sobre o funcionamento da Casa de Lázaro, que realiza acompanhamento sobre empregabilidade, saúde e vínculos familiares, pois estes são os reais motivos para uma pessoa estar em situação de rua e suas consequências como o uso de álcool e outras drogas.

“Todo o lucro com a venda do livro será revertido para instituições que trabalham com a população de rua, além de investir em pequenos empreendedores ,que já estão com seus projetos em andamento como vendedor de água e sucos ou catador de papelão, para que este sujeito reconquiste sua autonomia”, acrescentou.

Foi aberto um tempo para perguntas e respostas e em seguida, Solange Bizerril fez um relato emocionante sobre como foi parar nas ruas.

“Eu não sou moradora de rua e sim estou moradora, pois fui exonerada do meu emprego em Icaraí e vim fazer um concurso em Maricá para Técnica de Enfermagem. Infelizmente, não passei e não consigo emprego. Acabei entrando no mundo do álcool, mas fui acolhida pela rede do município e decidi largar o vício. Sou eternamente agradecida por este acolhimento e tenho certeza que minha vida irá mudar”, expôs Solange.

O evento continuou na parte da tarde, com um mini-curso sobre o serviço de abordagem e a promoção da garantia de direitos para a população em situação de rua. O curso foi ministrado pelo Marcelo Jaccoud para os profissionais da rede socioassistencial e para os demais setores como saúde e segurança. Todos receberão o certificado de conclusão de curso.

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