Espetáculo "SobreVoar" na lona cultural da Barra - Foto: Katito Carvalho

Uma parceria da Prefeitura, através das secretarias de Cultura e Educação, com o Instituto Estadual do Ambiente (através da Área de Proteção Ambiental de Maricá) permitiu que 350 alunos do 2º ao 5º ano das escolas municipais Trenzinho da Esperança, Barra de Zacarias, Marisa Letícia Lula da Silva, Antonio Rufino de Souza Filho e Vereador João da Silva Bezerra tivessem uma aula diferente nesta sexta-feira, dia 06/09, assistindo ao espetáculo teatral “SobreVoar” na Lona Cultural Marielle Franco (Barra).

A peça falou sobre esperança, sonhos e liberdade através da história de um menino que vivia trancado numa gaiola porque tinha medo do mundo fora dela e seu encontro com um andarilho contador de histórias apaixonado por aves. Depois da encenação, alguns alunos, representando suas escolas, ajudaram na soltura de 18 aves apreendidas por estarem mantidas ilegalmente em cativeiro (espécies de canário da terra, coleiro e tiziu).

“A peça abordou assuntos tratados na escola. Essa é uma experiência muito válida, por nos permitir trazê-los para que possam ver no concreto o que escutam na teoria. Saber que os animais precisam ser cuidados, que precisam ser soltos e poder vivenciar isso na prática, é muito melhor”, avaliou a professora das turmas de 2º e 3º anos da E.M. Barra de Zacarias, Monica Santos da Costa.

“Eu achei tudo muito legal, porque o tio falou que não era para deixar os animais presos, que eles foram criados para voar. Quando vi os passarinhos sendo soltos, lembrei da hora que ele soltou o passarinho na peça e fiquei feliz”, lembrou Karen Chavão Moura (8 anos), aluna do 3º ano da E.M. Barra de Zacarias.

Com apenas 9 anos, Daniel Ildelfonso da E.M. Vereador João da Silva Bezerra também destacou o que mais chamou sua atenção. “Essa experiência de que as pessoas não podem ficar presas num só lugar, porque tem muitas coisas para elas fazerem aqui fora. Eu fiquei vendo o passarinho voar e achei muito legal, porque o passarinho merece voar, porque ele gosta da natureza”, disse.

Coordenador de Pesquisa e Manejo de Ecossistemas do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Felipe Queiroz explicou que ao invés de combater o crime, é necessário que as pessoas tenham consciência sobre a importância de educar a população.

“De uma forma lúdica, queremos que as crianças se apossem da natureza. Todos os animais que vamos soltar foram apreendidos na cidade. Normalmente resgatamos cerca de 200 pássaros num tempo curto de quatro meses, ou menos. Eles passam por uma avaliação e alguns são soltos, outros precisam de uma reabilitação até poder voltar a natureza. Mas todos têm que ter laudo técnico dado por um veterinário ou biólogo”, explicou.

Gestora da APA Maricá, Sheila Rodrigues concorda com ele. “Através da cultura, conseguimos conscientizar as crianças sobre a importância da preservação ambiental. E elas são vínculos de comunicação que levam as informações para suas casas e amigos”, ressaltou.

Para criar qualquer ave, é preciso que o animal tenha vindo de um criador, com nota fiscal, anilha com a numeração e o registro vinculado ao CPF do proprietário. Segundo Felipe Queiroz, há também um cadastro para criador amador, onde todos os animais são provenientes de cativeiro. “O que é solto nunca pode ser aprisionado. Quem descumpre essas regras, pode ser autuado administrativamente pelo INEA de acordo com a Lei nº 3467 e autuado criminalmente de acordo com a Lei nº 9605”, enfatiza.

As gaiolas apreendidas não são destruídas. Uma equipe de voluntários ambientais realiza um trabalho para conscientizar as crianças, como é o caso de Hannah Marchon. “Esse material é usado de forma lúdica para fazer alguma coisa que as crianças gostem, passando a mensagem de educação ambiental para que elas entendam que o lugar do animal é na natureza, livre. Para que, quando se tornarem adultos, possam acabar com essa cultura de aprisionar os pássaros”, esclarece.

De acordo com a coordenadora de Literatura da Secretaria de Cultura, Suellen Figueiredo, o projeto vai ser levado às outras lonas culturais da cidade, em Inoã e Itaipuaçu e às escolas que não conseguirem estar presentes nestas sessões. “Queremos que todos os moradores tenham acesso ao projeto, para movimentar essa questão ambiental e preservar a beleza natural que nós temos na cidade, como a nossa restinga, as aldeias, a fauna e a flora. Isso faz parte da educação”, concluiu.

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