Objetivo do projeto é reunir dados sobre a participação do idoso na sociedade - Foto: Rodrigo Pereira

A mestranda, pesquisadora em Saúde Pública e servidora da Secretaria de Políticas para a Terceira Idade em Maricá, Priscila Pazos, está realizando o projeto Idosos 60+ com os usuários da Casa do Idoso Mais Feliz, com o objetivo de reunir dados sobre a participação do idoso na sociedade.

Os temas são a representação social do idoso, o idoso no mercado de trabalho, envelhecimento e saúde. O projeto foi escolhido como parte da dissertação do curso de Mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), em parceria com a Fiocruz e Secretaria Municipal de Políticas para a Terceira Idade e abrangerá encontros com 16 idosos no período de março a abril, em rodas de conversa que tratarão dos temas agendados. O tema inicial foi a representação social do idoso, com seus avanços e estigmas.

“Essa parceria da ENSP/Fiocruz com a Prefeitura busca chamar a atenção da necessidade dos idosos serem protagonistas diante da sociedade. A escolha do campo de estudo desta pesquisa em Maricá foi reforçada justamente pelo fato de que aqui há oportunidades que dão voz e autonomia aos idosos”, diz a pesquisadora. “Maricá, um município que tem como uma de suas prioridades a questão do idoso, avança mais uma vez com essa pesquisa, com depoimentos de usuários atendidos pelas políticas públicas”, avalia a secretária Lezirée Figueiredo.

Os pesquisados são aposentados ou trabalhadores de categorias profissionais diversas, mas todos têm um ponto em comum: a disposição para a vida e para ajudar o próximo. “O idoso tem de estar de pé, e ter paciência com o outro, porém poucos têm paciência com os idosos”, disse Francisca Rosa Lima, 79 anos, que é costureira, doméstica, faz salgados para fora, ajuda na igreja e ainda estuda à noite (EJA). Tanta vontade de viver foi aplaudida pelos demais participantes.

Francisco Carmo de Almeida, 64, morador do Centro, trabalha como reciclador de materiais e disse que já foi discriminado pelo seu trabalho e por ser idoso. “Completei meu curso ginasial aos 50 anos. Alguns colegas aceitavam o fato, outros achavam graça, outros ridicularizavam. Apesar disso, fui o primeiro em redação na minha turma. Superei o trauma e hoje brigo pelos meus direitos”, adiantou.

Edith Araújo Barroso, 82 anos, diz que a disposição para o trabalho de vendedora não diminuiu. “Trabalho nesse setor há mais de 50 anos, portanto acho que sou boa vendedora. Estive nos EUA com 70 anos e me convidaram para trabalhar, com essa idade. Lá, o idoso é valorizado no mercado de trabalho e na sociedade”, adiantou. “O importante é estarmos vivos, podendo ajudar uns aos outros. Não somos descartáveis. Vamos nos unir e influenciar positivamente a sociedade”, disse o massoterapeuta João Bonifácio, 64 anos.

Elisabeth Gomes, 79 anos, diz que após aposentar-se resolveu continuar a trabalhar. “Depois que meu marido faleceu, fiquei literalmente sozinha. Não consegui um trabalho formal, mas candidatei-me para trabalhar em no Movimento de Mulheres de São Gonçalo, uma ONG que combate a violência doméstica contra a mulher, o idoso, a criança e o adolescente”, disse. O guarda municipal Flávio Souza Santos, 66 anos, diz que ainda não entrou com o pedido de aposentadoria, pois se sente forte para o trabalho. “Comecei aos 14 anos como office-boy e hoje faço tarefas além das minhas. Muitos, quando aposentam, se encostam. Quero continuar trabalhando e ajudando a quem puder ajudar”, garantiu. Marlene Roidrigues, 65, moradora de Inoã, declarou que “o trabalho dignifica, e meu corpo necessita de trabalho.  Comecei a trabalhar muito nova e não penso em parar tão cedo”, concluiu.

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