Dia da Conscientização do Autismo no Henfil - Foto: Katito Carvalho

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado anualmente em 2 de abril, foi comemorado com palestras, dança, música, poesia e pintura no Cinema Henfil. Durante o evento, realizado pela Secretaria de Educação de Maricá através da Gerência de Diversidade e Inclusão Educacional, profissionais, familiares e alunos autistas falaram sobre suas conquistas, dificuldades e apresentaram seus talentos ao público que lotou o espaço. 

“Como hoje é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, estamos realizando um evento com as nossas pratas da casa. Trouxemos os mediadores pedagógicos para falar do trabalho realizado em sala regular, os professores de sala de recursos, alunos com autismo e mães, que vieram para mostrar e falar sobre tudo o que acontece, não apenas na rede de educação”, contou a gerente Hellen de Azevedo. 

De acordo com Hellen, a inclusão escolar com estes alunos tem mudado o quadro clínico deles. “O trabalho com o autismo requer muita atenção e pesquisa, temos que estar por perto para perceber as sutis diferenças entre eles e trabalhar as suas potencialidades”, ressaltou. Atualmente, o município conta com cerca de 700 alunos com necessidades especiais, dos quais aproximadamente 120 são autistas. 

Para Diana Ribeiro, que é diretora geral da Escola Municipal Antônio Rufino de Souza Filho, na Gamboa, e mãe de um adolescente com necessidades especiais, Maricá é um município pioneiro na inclusão. “Aqui a inclusão das pessoas com deficiência realmente acontece, e não digo isto apenas por ser educadora, mas também por ser mãe de um aluno especial que hoje está no ensino médio e foi muito bem assistido na educação municipal. Entrei na área da educação para ficar mais próxima do meu filho, que hoje tem 16 anos, agora também tenho alunos que são especiais, e é uma descoberta a cada dia”, afirmou. 

Musicista, autista e aluna de primeiro ano no Instituto Federal Fluminense (IFF), Isabel Moreira Costa, de 15 anos, falou sobre a importância de eventos como este e dos seus planos para o futuro. “É muito bom falar sobre o autismo, porque a maior parte das pessoas não tem conhecimento. O problema do autismo não é o autista, não existe nenhum problema em ser autista ou ser pai e mãe de autista, o problema é que as pessoas não conhecem o assunto e não sabem se adaptar, então, eu gosto de trazer conhecimento”, explicou a jovem que se apresentou tocando a música tema do filme a Bela e a Fera no clarinete. 

 “Toco flauta doce desde os cinco anos, depois aprendi escaleta, teclado, violão e agora o clarinete, que ganhei do meu pai quando tinha 12 anos. No começo, foi muito difícil aprender, as pessoas falam que o autista tem facilidade, mas no meu caso foi muito treino mesmo”, divertiu-se ao lembrar. 

Vinda de uma família bastante musical, Isabel revelou que pretende levar uma carreira profissional na área da engenharia de acústica. “Minha irmã toca violão e saxofone, minha mãe ensinou violão para meu pai e meu tio, e meu pai também canta muito bem. Tenho pesquisado bastante sobre engenharia acústica, que cuida do controle da intensidade de ruídos e vibrações sonoras”, concluiu. 

Satisfeita com a oportunidade de falar para um grande público, ela aproveitou para deixar um recado para as famílias que tem pessoas autistas. “Não percam a esperança e não desistam das pessoas com autismo, não é vergonha aceitar as diferenças, todas as pessoas são difíceis de alguma forma. Tenho certeza que com tratamento, apoio e incentivo, eles vão se desenvolver, ter independência e descobrir seus talentos”.  

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