Cultura indígena e africana no Henfil - Foto: Leandra Costa

A Secretaria de Educação de Maricá apresentou na manhã desta quinta-feira (21/03) dois projetos interculturais: a África de todos nós e Saberes indígenas. Ambos serão trabalhados no ano letivo de 2019 pelas escolas municipais dentro da abordagem do tema central “Maricá de todos os Brasis”. Realizado no Cinema Público Municipal Henfil, o encontro reuniu educadores, diretores de escolas e alunos do município e é uma homenagem ao Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

A secretária da pasta, Adriana Luiza da Costa, ressaltou a importância da abordagem nas escolas dos conteúdos das culturas indígena e africana, conforme preconizam as leis nº 10.639/2003 sobre a “História e Cultura Afro-brasileira e Africana” e a lei 11.645/2008 sobre a “História e Cultura Afro-brasileira e indígena”. “A nossa cidade é um exemplo de diversidade cultural e étnica e temos que estimular essa pluralidade, o pensar coletivo, com respeito às diferenças e sem preconceitos, por isso é fundamental que nós educadores implantemos nas nossas escolas cada vez mais projetos pautados nessas leis”, destacou.

A professora Rejane Macedo, do Núcleo de Pesquisa, Extensão, Diversidade e Inovação (Nupedi), explicou que diversas escolas municipais já desenvolvem e exploram projetos relacionados a essas leis. “Os currículos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental devem ter base nacional comum a ser complementada voltada para diversidade, incluindo a todos, de coração e braços sempre abertos. Cada escola vai receber dois projetos interculturais. De acordo com as especificidades de cada unidade irão trabalhar junto com os alunos de forma transversal e intersetorial”, declarou, acrescentando que a secretaria irá oferecer cursos de extensão para a discussão da diversidade.

A professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGedu) da UERJ/FFP, Denize Sepulveda, destacou que, em sua formação na área de História, na década de 90, não havia disciplinas que abordassem especificamente a cultura dos negros e dos índios. “A história foi escrita por homens, brancos, europeus e burgueses. Os negros e índios não são representados. E é com essa fabricação da história que nós professores trabalhamos. Como vamos ensinar uma história que empodere a mulher, o negro ou o índio se ela não está em nossos livros? Por isso, é necessário investir numa formação continuada direcionada para os educadores. E que cada vez mais tenhamos dissertações e abordagens que resgatem e recontem essa história tornando-os sujeitos da própria história”, destacou.

A abertura do evento contou com a apresentação da historiada Carolina Potiguara, mestranda em Línguas Indígenas pela UFRJ e com experiência em Educação Indígena desde 2006. O evento contou ainda com a apresentação do coral Talento da Gamboa, formado por alunos da escola municipal Antônio Rufino de Souza Filho. Os artistas Alex Bacelar e Maurício de Souza apresentaram a esquete “Navio Negreiro”, do projeto Balangandã de leitura, apresentado pela quarta vez, que utiliza performance teatral e correntes para lembrar o sofrimento dos escravos.

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