Idosas participaram de ação pelo Dia da Mulher - Foto: Rodrigo Pereira

Centenas de mulheres lotaram, na manhã desta sexta-feira (08/03), a Praça Conselheiro Macedo Soares (Praça do Turismo), em Maricá, para comemorar o Dia Internacional da Mulher. A Secretaria de Políticas para a Terceira Idade apresentou números com alunas de dança árabe (profª Chris Zhara) e zumba (profª Érica Pinto), sendo as dançarinas muito aplaudidas pelo público. “O dia de hoje representa também uma meditação sobre as responsabilidades do homem e da mulher, em uma sociedade que está se tornando cada dia mais violenta e conturbada”, adiantou a secretária Lezirée Figueiredo.

A artista plástica Agda vilar, 72 anos, pratica dança do ventre, dança cigana e zumba na casa Centro da Terceira Idade. Segundo ela, ainda falta avançar muito na questão da igualdade de gênero. “A lei não está totalmente regulada, pois é usada por uma minoria, pois a maioria tem medo de denunciar violências. Essa minoria é que deu empoderamento ao lutar pela causa. O país detém um número muito alto de feminicídios”, comentou.

A usuária Adelizia Rodrigues Salgado, 79 anos, pratica dança cigana, coral em português e inglês e pilates. Considera que a Lei Maria da Penha ainda está no papel. “Já fui desrespeitada pela minha idade e por ter sofrido um AVC, que dificultou minha fala”, adiantou.

A funcionária pública Katia Cristina, 51, levou a neta Camille, de 10 anos, para assistir ao evento. Viúva, com seis filhos e 12 netos, Katia tem a experiência da discriminação, por ser mulher e negra. “Mas superei, passei por cima. Os homens têm preconceito contra as mulheres, sim. As que dependem deles, sofrem mais”, garantiu.

Aduni Benton, coordenadora do Fórum Municipal de Mulheres Negras de Maricá, lembrou que o número de casos de violência contra a mulher aumentou. “A despeito de toda propaganda do governo, a violência doméstica cresceu em todo o país. Nosso movimento luta pelo maior empoderamento da mulher e pela igualdade de direitos. A violência contra a mulher não é apenas um fator cultural, mas também institucional. A cota de 30% de mulheres no Legislativo não está sendo cumprida. Precisamos de mais mulheres no poder. Lugar de mulher é na política”, completou.

Myrtes Mello, moradora de Itaipuaçu, defendia o voto contra a reforma da Previdência Social. “O governo federal apregoa uma falsa igualdade em relação à idade de aposentadoria. Aumentando cinco anos para a mulher, categorias como trabalhadoras rurais, professoras e outras, sofrerão duplamente, e o governo fará caixa com essa desigualdade”, disse.

A estudante Vânia Araújo, 19 anos, é a presidente do Movimento Popular da Juventude, que compreende setores como a União Maricaense de Estudantes (UMES), e a Ruasia, trabalho cultural que envolve arte na rua, poesia, música e outros. Segundo ela, a sociedade é machista e arcaica, patriarcal. “Reivindicamos uma Delegacia da Mulher (DEAM), ou um Núcleo da Mulher (NEAM), prometidos há anos para Maricá. A mulher que chega em uma delegacia comum para dar queixa da agressão promovida pelo companheiro, ainda sai de lá com sentimento de culpa por ter apanhado”, concluiu.

A origem da data escolhida para celebrar as mulheres tem algumas explicações históricas. No Brasil, é muito comum relacioná-la ao incêndio ocorrido em Nova York no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens (na maioria, judeus), que trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial. Naquele dia, cerca de 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho – na época, as jornadas para elas poderiam chegar a 16h por dia, seis dias por semana e, não raro, incluíam também os domingos. Ali teria sido celebrado pela primeira vez o “Dia Nacional da Mulher” americano.

Em 1917, houve um marco ainda mais forte daquele que viria a ser o 8 de Março. Naquele dia, um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé inicial da Revolução Russa. O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo – 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje.

Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da “mulher heróica e trabalhadora”. O chamado Dia Internacional da Mulher só foi oficializado em 1975, ano que a ONU intitulou de Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais. “Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que não foi resolvido até hoje. A desigualdade de gênero permanece até hoje. As condições de trabalho ainda são piores para as mulheres”, pontuou a historiadora Eva Blay.

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