Foram abordados temas como sífilis e epidemias; DSTs; testes rápidos; sífilis congênita e a importância do pré-natal - Foto: Elsson Campos

Cerca de 150 profissionais da Saúde, entre médicos e enfermeiros do Hospital Municipal Conde Modesto Leal (HMCML) e da Atenção Básica, participaram do 1º Simpósio de Sífilis que aconteceu nesta terça feira (23/10), no Rotary Club (Caxito).

Entre os assuntos discutidos estavam a sífilis e epidemias; doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); a importância dos testes rápidos e sua eficácia; sífilis congênita e a importância do pré-natal. “É inadmissível em 2018 termos casos de óbito em recém-nascidos por sífilis. Por isso, temos aqui médicos de ponta que diagnosticam a doença aprendendo ao lado de enfermeiras. O aprendizado é cotidiano. Temos que trabalhar integrados para cuidar com carinho dos nossos munícipes. E não precisamos de um aparelho de última geração para isso. O aparelho com o teste rápido detecta a doença para nós tratarmos e permitirmos a cura”, explicou a secretária de Saúde, Simone Costa Silva.

Segundo a médica Claudia Rogéria Souza, responsável pela maternidade do HMCML, nos primeiros nove meses do ano foram notificados na cidade 59 casos em mulheres grávidas. Mesmo assim, a profissional acredita que o número aparentemente baixo está relacionado a não notificação e à quantidade de mulheres que fazem pré-natal em outros municípios. “Isso se deve muito à multiplicidade de parceiros e às baladas. Além disso, a doença hoje em dia não tem cara. Na década de 90, a AIDS tinha uma cara que assustava. Hoje, as pessoas banalizaram o uso de preservativos, que ainda é a principal forma de se prevenir qualquer doença. A gravidade da sífilis é tanta que se eu tratar uma paciente grávida adequadamente com a HIV, a chance do feto nascer sem a doença é de 100%, mas se eu tratar uma paciente adequadamente com sífilis, a chance desse bebê ter sífilis ainda é de 40%”, frisou a ginecologista.

Em sua palestra, Claudia defendeu que a doença seja detectada antes da gestação, quando mulheres e homens estiverem em idades férteis, para a redução de custos e riscos. “Cada tratamento de bebê com sífilis congênita daria para custear 1000 atendimentos de pacientes pré-natal. Além disso, na gravidez, a sífilis tem que ser detectada muito precocemente, em no máximo 16 semanas para diminuirmos os danos. A doença pode causar morte neonatal, morte intrauterina, abortamento precoce e se o beber nascer as sequelas são gravíssimas, desde deficiência na dentição e óssea, surdez ou até mesmo sequelas neurológicas”, frisou.

Baseado em dados do Ministério da Saúde, o infectologista Dr Gustavo Magalhães, que fez mestrado e doutorado pela Fiocruz, afirmou que de 2010 a 2016, o número de casos de sífilis explodiu não só no estado, mas no Brasil e no mundo como um todo. “A notificação do estágio da doença é muito importante, porque o exame pode dar reagente e a pessoa não estar com a doença, mas já ter tido há algum tempo. Afinal, nem todos que tem sífilis vão apresentar úlceras genitais (cancro). Isso acontece no primeiro estágio que vai de três a 90 dias. No segundo estágio há erupção cutânea. Ambas desaparecem mesmo sem tratamento. Mas o estágio 3 que vai de três a 15 anos, a doença já afeta os órgãos internos e causa aneurisma de aorta. Isso é muito grave”, pontuou, lembrando que a doença também pode ser adquirida através do sexo oral e que o tratamento é feito a base de benzetacil.

Professor da UFRJ, Dr Orlando Ferreira falou sobre a importância e eficácia dos testes rápidos. “Não é novidade. O teste rápido já era utilizado para glicemia, ph da urina e teste de gravidez. Portanto, é uma maneira segura de se fazer a avaliação, embora exija outros exames para a avaliação das fases dessa infecção. Além disso, quando o resultado demora em laboratório, cerca de 20 a 30% das pessoas não voltam para ver qual foi o resultado. Com o teste rápido, o paciente vai logo ao médico para receber a receita e iniciar seu tratamento”, defendeu. Chefe do setor de DST da UFF, Dr Mauro Romero Passos concluiu: “A doença parece simples desde sua diagnosticação, mas a simplificação nem sempre resolve tudo. Da mesma maneira que o ser humano está se desenvolvendo, as bactérias também estão. Precisamos combatê-las constantemente”, finalizou.

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