O reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Ricardo Berbara, esteve em Maricá na quarta-feira (18/04) para conhecer a experiência da Unidade Escola Agroecológica e Horta Pública Comunitária, no loteamento Manu Manuela, projeto desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) em parceria com as secretarias de Economia Solidária e de Agricultura, Pecuária e Pesca.
Berbara estava acompanhado por professores e alunos da Rural e foi recebido pelo presidente da Codemar, José Orlando Dias, na sede da autarquia. Participaram do encontro o secretário de Economia Solidária, Diego Zeidan; a subsecretária de Agricultura, Pecuária e Pesca, Julyana Von Matter; a equipe da Cooperativa de Trabalho em Assessoria a Empresas Sociais em Assentamentos de Reforma Agrária (Cooperar); e o presidente da Associação de Moradores e Amigos do Manu Manuela, Edvaldo Martiniano.
A universidade já tinha conhecimento do projeto, mas a vinda à cidade para conhecer mais a fundo a iniciativa se deu pelo fato de a UFRRJ querer implantar projeto semelhante. Segundo Berbara, o implantado em Maricá é extraordinário. “Não conheço uma experiência tão organizada como esta. Desconheço outra prefeitura que esteja com um programa tão adiantado de incorporação de famílias rurais em torno de projetos agroecológicos como observei aqui. A prefeitura está de parabéns pela iniciativa que com certeza será seguida por vários outros municípios do estado”, comentou. Berbara convidou o município para um próximo encontro, desta vez na UFRRJ, em Seropédica, e levantou proposta de parceria através de cursos de capacitação e trocas de conhecimento.
O presidente da Codemar, José Orlando Dias, explicou todo o processo da construção do projeto desde a elaboração do edital ao repasse aos moradores através do Termo de Sessão de Uso de Área Pública Precária. Para José Orlando, a iniciativa de tornar terras públicas improdutivas em equipamentos de produção de alimentos livres de agrotóxicos, geradores de renda e qualidade de vida é uma das preocupações do governo municipal. “O que queremos é assegurar uma soberania alimentar no município e criar uma relação direta entre produtor e consumidor”, afirmou.
Diego Zeidan acrescentou que o projeto das hortas públicas fecha um círculo entre a ocupação de terras públicas, a produção de alimentos seguros, livres de agrotóxicos, a geração de renda e até a utilização da moda local. “Os moradores podem usar a área para produzir. Em contrapartida, 15% da produção será repassada para a Prefeitura destinar a escolas, creches e ao hospital. Os outros 85%, o agricultor usará para o consumo próprio e poderá comercializar o excedente. A compra das hortaliças poderá ser feita utilizando a Moeda Mumbuca”, frisou, referindo-se à moeda social implantada no município.
Depois do encontro na Codemar, os visitantes foram conhecer na prática como funciona o projeto. Para o professor da disciplina Educação do Campo e Movimentos Sociais, Ramofly Bicalho, a Horta Pública Municipal é uma experiência inovadora por conta da parceria entre a Prefeitura e os agricultores familiares, com a associação de moradores. Também com a preocupação de Maricá ter uma escola de agroecologia de formar multiplicadores de uma alimentação saudável. “As pessoas geralmente não conhecem este tipo de experiência. Para a sociedade de uma maneira geral, ainda mais no tempo que vivemos hoje, este tipo de experiência tem que ser mais do que divulgado, tem que ser multiplicado”, disse.
A aluna Geiselane de Lima Santos ficou impressionada com o projeto e com a Horta. “Achei uma visita muito rica. Conseguimos aprender muito e com certeza vamos levar muitas dessas experiências daqui para nossa cidade. É muito difícil conseguir ver essa ligação desta forma que a Prefeitura abraça realmente o pessoal. É muito interessante ver isso acontecendo na prática, coisa que não acontece em outros municípios”, destacou.
