Animais que moram nas ruas ganharam potes de água e de ração - Foto: Clarildo Menezes

Data instituída para reflexão sobre a qualidade da relação dos homens com os bichos, o Dia Nacional dos Animais (14/03) ganhou uma ação especial em Maricá. A equipe da Coordenadoria de Proteção Animal, órgão da prefeitura, foi às ruas com um grupo de estudantes de graduação à distância da Universidade Cenecista (Unicnec) distribuindo potes de água e ração de cães e de gatos em diversos pontos do Centro. Os alimentos são resultado de uma campanha de arrecadação iniciada na semana passada pela Unicnec junto aos alunos em troca de carga horária complementar. A rodoviária e as praças Orlando de Barros Pimentel e Conselheiro Macedo Soares foram alguns dos locais beneficiados. A prefeitura apoiou a ideia e acompanhou a atividade.

“Dos cem quilos arrecadados por nossa campanha, distribuímos um pouco hoje (quarta-feira) pelas ruas e o restante doaremos, através de indicações da Coordenadoria, a cuidadores da cidade dedicados a esta filantropia”, conta Dayana Peixoto Parente de Menezes, coordenadora de graduação da Educação à Distância da Unicnec. Ela comenta que também pretende repetir a campanha e a ação em 11 de agosto, Dia do Estudante, quando a universidade sempre realiza evento que aborda ética e responsabilidade socioambiental através de palestras e atividades diversas.

“Fico muito feliz em ver universitários se envolvendo com a causa animal e tendo iniciativas de ajuda. Acredito que este seja um dos caminhos para que os bichos sejam mais respeitados”, alegra-se Milena Costa, coordenadora de Proteção Animal da Prefeitura de Maricá, que apoia os “animais comunitários” – uma espécie de apadrinhamento, alimentando e abrigando, quando não é possível a adoção por quaisquer motivos. “É gratificante ver que a juventude está se interessando pelo assunto, tomando consciência e as rédeas de uma efetiva transformação na relação do homem com a natureza”, reforça Heloísa Helena da Silva, funcionária da Coordenadoria e protetora animal desde 2002, abrigando em casa mais de dez animais, entre cães e gatos, incluindo deficientes e epiléticos.

População apoia iniciativa

O grupo encontrou pelo caminho muitas pessoas engajadas na mesma luta da defesa, do cuidado e da proteção animal. Um deles é Sérgio Pires, vendedor de cachorro quente em frente ao Mercado das Artes e mais conhecido como “Cachorrão” por sempre recolher e alimentar bichos em situação de rua. “Quanto mais ações como esta acontecerem, mais mentes se abrirão para a importância do assunto”, acredita o autônomo de 52 anos, acompanhado do vira-lata Ícaro, que espera por ele diariamente no mesmo ponto, ao lado do pequeno comércio de Joline Dias Boueres, de 74 anos, que bota ração e água para cinco gatos que rodeiam seu estabelecimento. “Às vezes estou doente, com febre, e venho assim mesmo só para alimentá-los. Amo muito os animais”, emociona-se. “Faria mais se pudesse”, afirma a podóloga Lucia Helena Gomes Ferreira, 60 anos, que mantém em frente à sua clínica um cantinho com comida e abrigo para qualquer cão que apareça.

O paulista David Bentzion, 24 anos, estudante de Recursos Humanos na Unicnec, é tutor de três cães e já teve dois gatos quando mais jovem. “Devemos ter empatia não somente por outro ser humano, mas também com os demais seres vivos. Esse é o caminho para o respeito e o afeto”, assegura. Dos participantes, somente a maricaense Sabrina Coutinho, graduanda de Psicologia de 22 anos, nunca teve bicho de estimação: “Já fui mordida algumas vezes, e hoje tenho certo medo da aproximação, mas adoro animais mesmo assim, pois reconheço que se trata de instinto. Não permito que ninguém os maltrate. Se vejo uma situação de violência, intervenho”, diz ela.

Os animais existem em nosso universo jurídico desde 1934, quando Getúlio Vargas promulgou o Decreto-Lei nº 24645. Hoje, revisada e ampliada, a Lei Federal 9605/1998 – conhecida como Lei dos Crimes Ambientais – garante em seu Artigo 32 prisão e multa a quem praticar ato de maus tratos a bichos silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, em território brasileiro. Por maus tratos leia-se machucar, abandonar, abusar, não alimentar e/ou não prover de cuidados médicos quando necessário – atos passíveis de denúncia através do telefone 181 ou mesmo pela central 190, já que se trata de caso de polícia. Além de 14 de março no Brasil, os bichinhos também são lembrados em 4 de outubro, considerado seu dia mundial, em homenagem à data de nascimento de São Francisco de Assis, padroeiro dos animais pela Igreja Católica.

Deixe uma resposta

Please enter your comment!
Please enter your name here