Famílias receberam cessão de uso de áreas públicas improdutivas do Manu Manuela - Foto: Clarildo Menezes

Trinta famílias residentes em Maricá receberam na segunda-feira (05/02), para fins de produção agrícola, termos de cessão de uso de áreas públicas improdutivas localizadas no loteamento Manu Manuela. São os primeiros entre dezenas de lotes disponibilizados pela Prefeitura com o projeto Horta Comunitária, liderado pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) para candidatos através de edital, que teve como único pré-requisito residir no município.

Todos os inscritos foram convocados e, com efeito seletivo, passaram há duas semanas por um treinamento sobre técnicas de cultivo de alimentos orgânicos e uso consciente do solo ministrado por engenheiros agrônomos da Cooperar na Escola Agroecológica da Secretaria de Agricultura, com distribuição inclusive de mudas e manuais.

Os terrenos doados têm 400 metros quadrados e condições de produzir vários tipos de alimentos com rápida rentabilidade, como hortaliças e leguminosas, segundo José Orlando, presidente da Codemar, mas o planejamento coletivo das culturas a serem plantadas se dará segundo a necessidade do mercado e o potencial do solo. “Toda a cidade se beneficia com o projeto, uma vez que se dá utilidade a áreas desocupadas evitando ocupações irregulares, gerando renda às famílias e oferecendo à população alimentos saudáveis”, explicou ele, informando ainda que será determinada uma parcela dos alimentos para doação a colégios e hospitais municipais. “Este é um dia de festa para todos nós diante de um projeto modelo de transformação de terras antes improdutivas e que reúne pessoas cooperando entre si e formando uma nova grande família”, afirmou Diego Zeidan, secretário de Economia Solidária, pasta que também atua no projeto.

De acordo com Tiago de Paula, superintendente de desenvolvimento de negócios da Codemar, as principais ressalvas ao uso do solo na Horta Comunitária determinam não construir imóvel no terreno nem plantar árvores frutíferas, este último devido à demora de seu desenvolvimento até a colheita. A área inteira disponível soma 29 mil metros quadrados para oferta em novos editais. “Toda a nossa estrutura, desde o agrônomo até o maquinário, está à disposição dos beneficiários do projeto. O que não temos, estamos comprando ou locando para servir-lhes no que precisarem, inclusive para o processo de desidratação de determinados alimentos, como o tomate”, garantiu o secretário de Agricultura, Julio Carolino, também ligado ao projeto.

Com idades, histórias de vida e escolaridades diferentes, os contemplados demonstraram alegria e grande expectativa. A ex-lavradora e hoje faxineira Maria das Graças da Conceição, 58 anos, pretende plantar tudo o que puder, incluindo cenoura, beterraba e jiló, ao lado dos dois filhos atualmente desempregados: “Estou ansiosa em poder ajudá-los com essa ocupação e voltar a fazer algo que adoro”, revelou ela. “Será um grande privilégio cultivar, produzir e interagir em comunidade, agregando aprendizados e valores em família. Só temos a ganhar com essa experiência”, exclamou o construtor Marcelo Medeiros, de 40 anos, proprietário da casa que sediou o evento de entrega dos termos de cessão.

Já Alvaro de Paiva, funcionário público federal, aposentado de 60 anos de idade e morador do Manu Manuela, foi o primeiro a se inscrever, estimulado pela Associação de Moradores local, visando ocupar o tempo ocioso e espantar a depressão: “Ainda não escolhi o que vou plantar, mas ouvirei sugestões de pessoas mais experientes nessa atividade”, contou ele. “Agora é só colocar a mão na massa. Isto é, na terra”, comemorou a enfermeira Lusmar de Moraes, 54 anos, moradora do Centro, com experiência de cultivo somente doméstico e ensejando uma renda extra.

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