Público lotou o espaço para acompanhar o Sala Cult em homenagem a Tropicália - Foto: Clarildo Menezes

“Sobre a cabeça os aviões, sob os meus pés os caminhões, aponta contra os chapadões meu nariz…” Foi com os versos deste hino do movimento tropicalista, composto por Caetano Veloso em 1968, que a Banda Cult deu início ao show “Somos Todos Tropicália”, realizado em celebração pelos 50 anos do Tropicalismo, em mais uma edição do projeto “Sala Cult” da Secretaria de Cultura, apresentado na última sexta-feira (25/08), no Cine Henfil, no Centro.

Com casa lotada a Banda Cult embalou sucessos da Tropicália como “Alegria Alegria”, “Domingo no Parque”, “Baby” entre muitos outros em um espetáculo que mesclava música e teatralidade. O público empolgado e emocionado cantou junto e vibrou relembrando as canções deste que foi um movimento de ruptura que “sacudiu” o ambiente da música popular e da cultura brasileira no final da década de 60.

“A música Alegria Alegria é a que mais mexe comigo. Voltei no tempo e me lembrei de uma época em que eu curtia muito essas músicas. Afinal, ficaram eternizadas na minha memoria”, contou Edina Brum, de 53 anos, moradora do Centro. “Parabéns aos envolvidos! Tudo isso que está acontecendo aqui no Cine Henfil está dando vida a nossa cidade”, frisou. Andréa Cândida, de 47 anos, moradora do Jardim Nova Metrópole, contou que ficou impressionada com o show. “Não achei que fosse ser tão maravilhoso. Eu adoro música brasileira do início ao fim e a nossa cidade merece esse tipo de espetáculo”, afirmou.

A coordenadora do projeto, Dalva Alves, contou a razão pela qual escolheu a Tropicália como tema para essa edição do “Sala Cult”. “Inicialmente tínhamos escolhido fazer uma homenagem ao Caetano Veloso, porque agosto é aniversario dele e então seria mais um tributo, mas como ele foi o líder do movimento Tropicália e a história do tropicalismo possui uma mensagem a ser passada, nós mudamos”, explicou. “O que os artistas queriam com o tropicalismo era liberdade de expressão e como a censura pegava pesado naquela época eles transformaram isso em arte”, completou. “Nossos músicos inclusive foram ao Instituto Cravo Albim, no Rio, para que o próprio Ricardo Cravo Albim, nos explicasse o que foi a Tropicália”, contou, referindo-se ao pesquisador e musicólogo, ex-secretário de Cultura do município e que estava na plateia. “E para a festa ficar ainda mais completa hoje nós temos dois convidados cantando com a Banda Cult. São os músicos e compositores Daniel Prado e Alexandre Rocha”, adiantou Dalva.

“Nós somos remanescentes da Tropicália, desse movimento único que foi um divisor de águas em uma época em que o país vivia na ditadura”, disse Ronaldo Valentim, um dos músicos da Banda Cult. “Ricardo Cravo Albim nos deu uma síntese da importância daquele momento politico e cultural e por isso para nós é uma alegria participar deste momento aqui em Maricá, dessa efervescência da cultura na cidade”, ressaltou o músico. “Que show incrível! Chega a ser difícil escolher uma única música. Ver essa plateia lotada com todos cantando é ainda mais perfeito”, afirmou a primeira dama de Maricá, Rosana Horta.

Além de música a noite também teve homenagens. “Temos a honra de ter aqui conosco, o nosso querido Ricardo Cravo Albim e a Prefeitura tem o prazer de homenageá-lo com o prêmio Sala Cult”, anunciou a secretária de Cultura Andréa Cunha, que entregou também um quadro do artista plástico maricaense Di Bonilho, recentemente falecido. “Quem tem que homenagear aqui sou eu pelo espetáculo que acabamos de ver e ouvir”, afirmou o pesquisador. “Eu imaginava que esse espetáculo sobre a Tropicália fosse bom, mas não imaginava que fosse me emocionar tanto. Eu vi todas essas músicas nascerem no momento em que foram lançadas e agora eu me dou conta do grande poeta do tropicalismo e fora do tropicalismo que é Caetano Veloso. É incrível o que Caetano escreveu para o tropicalismo, mas a minha grande homenagem vai para a cidade de Maricá. Eu guardo no meu coração o tempo em que fui secretário de Cultura da cidade e fico muito emocionado”, finalizou Cravo Albin.

O próximo “Sala Cult”, com data a ser divulgada, deve homenagear o inesquecível cantor, compositor, maestro e produtor musical Tim Maia. O Cinema Público Municipal Henfil fica na Rua Domício da Gama, esquina com Alferes Gomes – Centro.

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