Roda de Conversa discutiu temas como o orgulho da cultura negra tendo como foco a mulher - Foto: Clarildo Menezes

Em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Afro Caribenha – comemorado na última terça-feira (25/07) – uma “roda de conversa” foi realizada na tarde desta quinta-feira (28/07), na sede da Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, no Centro. O evento, ministrado pela professora Sandra Gurgel, e que abordou temas relacionados ao pertencimento e ao orgulho da cultura negra tendo como foco a mulher, fez parte das diversas atividades promovidas pela Prefeitura realizadas no mês de junho, “mês da Mulher Negra”.

“Quando me disponho a fazer esse tipo de trabalho, em roda, é para quebrar o aprendizado hegemônico, um atrás do outro”, falou a professora Sandra Gurgel. “O objetivo aqui é discutir olho no olho, é promover a circularidade do tema para poder experienciar os diferentes saberes de cada um dos presentes”, completou. “Dessa forma as pessoas acabam trazendo as suas próprias narrativas e essas narrativas podem construir novos pensamentos”, explicou a professora. “Mais que igualdade esse tipo de roda ajuda, a nós mulheres negras, a buscar equidade”, destacou Sandra.

Entre os presentes, que lotavam o espaço, estava o secretário de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, João Carlos de Lima (Birigu) que colocou a secretaria à disposição para a realização desse tipo de evento. “Estamos aqui para fornecer o que for necessário para a realização de encontros como este”, afirmou o secretário. “Essa roda de conversa, particularmente, é muito especial para mim. É fundamental trazer para a nossa sociedade a narrativa das mulheres negras”, frisou Birigu. O evento, com o objetivo de discutir a questão da mulher negra e as diferenças sociais, é organizado pelo coordenador de Igualdade Racial da secretaria, Joel Rocha da Silva, também presente no debate desta terça-feira.

A roda de conversa, que se estendeu por mais de uma hora, contou ainda com uma dinâmica de grupo e manteve um clima alegre e participativo. A também professora Márcia Passos comentou sobre os valores culturais trazidos da África e como essa cultura foi sendo ao longo dos tempos demonizada, impedindo assim, que as mulheres negras, por exemplo, criassem um sentimento de pertencimento. “O processo de dominação que a cultura negra sofre tem sua origem no processo econômico e político e por isso a necessidade da representatividade”, afirmou Márcia. “Quando não me reconheço, quando acredito que o meu cabelo é “ruim” perco a capacidade de ver beleza em mim e isso precisa ser desconstruindo, mas sabemos que é algo muito difícil”, completou. “Discriminar é algo que é aprendido no seio familiar”, finalizou Márcia.

Sandra Gurgel destacou, ainda, que esta roda é uma espécie de “Pré-marcha de Mulheres Negras”, se referindo à edição regional da Marcha das Mulheres Negras que acontecerá neste domingo (30/07), no Posto 4 em Copacabana. “Eu enquanto educadora, formadora de pensantes vejo como uma grande oportunidade em poder oferecer os meus saberes e trocar os meus saberes com o povo maricaense”, afirmou. “Ainda temos um longo caminho, principalmente nas politicas publicas para os negros e pelos negros, mas a gente já consegue perceber os primeiros passos sendo dados para essa grande caminhada”, concluiu.

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