Alunos de escolas municipais e funcionários da prefeitura recolheram lixo da lagoa de Jacaroá - Foto: Divulgação

A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca realizou nesta quinta-feira (29/06), às margens da lagoa de Jacaroá, em parceria com a Secretaria de Educação, a 3ª edição do projeto “Lagoa Limpa Mar de Peixe”. Sessenta alunos das escolas municipais Marcus Vinícius Caetano Santana (Bairro da Amizade) e Joaquim Eugênio dos Santos (Mumbuca) participaram da atividade, com direito a palestra sobre educação ambiental, gincana de mutirão de limpeza na margem da lagoa, charadas com a distribuição de quebra-cabeças para os que acertaram e lanche, além da fixação de placa de sinalização sobre a importância da preservação do sistema lagunar e da cultura caiçara.

O secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Júlio Carolino, contou que o projeto ganha a cada dia a adesão dos moradores. “Sou um pouco místico. Marcamos três datas para esse evento em Jacaroá e ele acabou acontecendo justamente no dia de São Pedro, o santo protetor dos pescadores”, analisou. “Então, estamos aqui dizendo que se tivermos uma lagoa limpa, nós teremos um mar de peixe, porque o desejo de todo maricaense é que Maricá volte a ser um grande exportador de peixe como já foi da década de 50 até meados da década de 80”, disse.

Avó de Júlio e moradora do Centro, a professora Glória de Jesus (85 anos) contou que frequentava a lagoa de Jacaroá desde a infância, mas o local era bem diferente. “A lagoa era sempre limpa. Eu nunca vi tanta sujeira como tem agora. A gente tomava até banho aqui”, lembrou com saudade. O neto completou: “O melhor camarão e a melhor tainha são de Maricá. Mas hoje nós temos uma quantidade bem reduzida desses pescados e crustáceos, a nossa ideia é voltar a ter uma grande produção para atender Maricá e todo o Estado do Rio de Janeiro”, acrescentou.

Para a secretária de Educação, Adriana Luiza, o projeto é um dos mais importantes da cidade sobre a questão ambiental. “Vamos cuidar do meio ambiente, do entorno da lagoa e, com isso, fazer com que as crianças percebam que elas não têm que limpar só a lagoa, mas todos os espaços públicos que a gente tem, porque o lixo vem para a lagoa”, ponderou. Com 11 anos de idade, os alunos da Escola Municipal Marcus Vinícius Caetano Santana parecem já ter entendido isso. “A lagoa fica poluída e a gente não pode tomar banho por causa da sujeira”, disse Isabela de Jesus. Nayse da Silva Nunes completou: “Aí a gente vai tomar banho e não pode porque encontra pedra, vidro, plástico, que as pessoas jogam na rua e acabam indo para o mar”, completou.

Os meninos concordam e vão além. “Se poluir a lagoa dá ruim, chama mosquito e mata os peixes. Eu não jogo lixo na lagoa porque minha mãe e a escola me ensinaram que é errado. Meu irmão às vezes joga lixo aí eu mando ele catar”, contou Gustavo Barreto.

Alunos da Escola Municipal Joaquim Eugênio dos Santos, Rodrigo Moura e Ítalo Gabriel Costa com apenas 8 anos também deram opinião. “Suja o rio e tem peixe que morre por causa dessa sujeira. Eu não gosto de entrar assim com um monte de lixo porque a gente corta o pé. Quando eu vejo alguém jogando eu falo não pode coleguinha”, disse Rodrigo. Ítalo assina embaixo. “O peixe fica sem oxigênio na água quando tem sapato, rede e sacola. Não dá para a gente entrar e nem para comer”, completou.

Representando o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comdef), o conselheiro Ayrton Becalle ressaltou os riscos do acúmulo de lixo na orla. “O excesso acaba com o ecossistema de predadores naturais de mosquitos, permitindo a proliferação de doenças. As duas que mais nos preocupam são a zica e a oncocercose (“cegueira dos rios”), ambas provenientes da picada de insetos”, esclareceu, justificando o motivo de sua participação no evento. “Nós temos que apoiar cada vez mais esse tipo de iniciativa e conscientizar a população dos riscos que eles correm quando jogam lixo nas lagoas, rios e praias”, concluiu.

Deixe uma resposta

Please enter your comment!
Please enter your name here