Cerca de 100 pessoas participaram da troca de faixa no Complexo Esportivo Leonel Brizola, no Flamengo - Foto: Michel Monteiro

Realizada anualmente, a promoção gradual dos alunos de capoeira das escolas CEM Joana Benedicta Rangel, Carlos Magno Legentil de Mattos, Joaquim Eugênio dos Santos e do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) aconteceu no último domingo (11/06), no Complexo Esportivo Leonel Brizola, no Flamengo. O evento foi uma realização da Prefeitura através da Secretaria de Esportes e Lazer em parceria com a Iê Capoeira.

Durante a cerimônia, Wagner Costa, o Mestre Capa, falou sobre a capoeira como qualidade de vida. “A capoeira é praticada em mais de 60 países como instrumento de inclusão, desenvolvimento técnico e motor. É importante que vocês façam esse acompanhamento dos seus filhos, interagindo com eles e o professor”, disse. “Enquanto estamos aqui reunidos cheios de emoção, muitos pais e mães estão em frente aos presídios aguardando o horário de visita para ver seus filhos”, contou. O mestre explicou que a atividade é tradicionalmente conhecida como batizado. “Mas para não misturar com religião, preferimos chamar de promoção gradual”, acrescentou.

Segundo o coordenador de esportes, Alex Bittencourt, que também é o professor Faísca, aproximadamente 100 pessoas participaram da troca de corda com idades que variam de 2 a 62 anos, sendo 22 delas na tonalidade crua, usada por iniciantes. “O projeto não é só realizado para as crianças. Os pais dos alunos também acabam fazendo com os filhos, assim como outras pessoas da comunidade que quiserem”, explicou, frisando que, os alunos com notas baixas são obrigados a se afastar do esporte para estudar. “Eles só podem voltar quando as notas melhoram. Por isso, eu estou sempre conversando com os pais e perguntando”, completou.

Com apenas nove anos Agatha Mendonça recebeu o certificado de Aluna Nota 10, representando todas as crianças dedicadas, que cumprem o horário, evitam faltar às aulas, têm notas boas e atendem as solicitações propostas nas aulas. “Eu gosto muito de capoeira”, disse a menina. Para a mãe, a homenagem tem um gostinho mais que especial. “Ela é dedicada, presta muita atenção em tudo, é carinhosa. Só tira nota 9 ou 10. Então, esse projeto foi a melhor coisa que aconteceu, porque além de tirar as crianças das ruas, faz com que interajam com as outras, melhora a saúde delas. Minha filha tinha muitos problemas respiratórios. Era bronquite, rinite, sinusite. Agora não tem mais nada disso e ainda emagreceu”, resumiu.

Após receber sua corda crua verde escuro e tirar a tradicional foto com a família, Cauã Moraes Baia (12 anos) estava todo sorridente. A Mãe, Bianka Moraes (38 anos) contou que o filho estava ansioso desde que soube do evento. “A capoeira é uma atividade física muito importante para ele por causa da socialização”, explicou. “Esta é uma atividade que eu gosto desde criança. Então sinto felicidade porque estou apenas começando meu caminho. Pretendo chegar na última corda para ser igual ao professor Faísca”, confidenciou.

Pai da pequena Lara (de 8 anos) e tio de Lucas (16 anos), que também mora com ele e a esposa Alexsandra, Tamir Alexandre Macedo contou que mudou tudo na vida da família após os meninos terem ingressado no esporte. “Posso destacar elementos fundamentais que eles aprendem na capoeira como o respeito, a educação e a disciplina, além da melhora na parte física”, disse. “Faço capoeira porque gosto. É um momento de amizade e que se deve respeitar uns aos outros”, disse Lara, que recebeu a corda verde, ao lado do primo Lucas, que passou da corda amarelo e verde para a amarelo e crua.  “Mas não é só isso. A doação e o carinho do professor Faísca com as crianças e a reciprocidade delas com ele é muito importante. Não é só um projeto de capoeira. Vai além até de uma capacitação profissional com uma formação de cidadãos do bem, e tem uma integração com a comunidade em que você acaba encontrando gente de todos os lugares e acaba se tornando uma ‘família’”, completou Tamir.

Também participaram do evento capoeiristas de diversos bairros de Maricá e cidades vizinhas, como: São Gonçalo, Rio do Ouro, Arsenal, Saquarema, Barra de São João, Itaborai e Petrópolis. Entre os convidados: Mestre Tiu de Belo Horizonte e o professor de Itaipuaçu, Galo do grupo Capoeira Brasil.

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