Equipe de Educação Ambiental orienta alunos sobre transmissão da doença e o macaco bugio - Foto: Araújo José

Uma equipe da Coordenação de Educação Ambiental da Secretaria de Ambiente visitou nesta quarta-feira (26/04), a Escola Municipal Amanda Peña Soares, no Bananal, em Ponta Negra, para ministrar aulas de Educação Ambiental sobre a preservação das matas e de espécies animais silvestres, em especial o macaco bugio (Alouatta).

O objetivo da aula foi o de conscientizar que a espécie do macaco é hospedeira do vírus da febre amarela silvestre e não um vetor de transmissão da doença para seres humanos. Na realidade o animal funciona como um indicador da presença do vírus e foi justamente a morte de alguns dessa espécie na região que alertou as equipes de Saúde do município sobre a febre. O único transmissor da doença é o mosquito, representado pelas espécies Haemagogus e Sabethes, cujo habitat são as matas.

A iniciativa partiu da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, já que foram encontrados bugios mortos nas matas do Bananal, onde foi registrado, há uma semana, o único caso fatal de febre amarela do tipo silvestre em Maricá (a febre amarela urbana não ocorre desde 1942). Um vídeo produzido por universidades e projetos ambientais foi apresentado a oito turmas da escola, do 3º ao 9º ano (turnos da manhã e da tarde), e completado com explicações da equipe aos alunos. As aulas foram interativas e o alunos participaram com interesse.

“O desmatamento tem contribuído para a irradiação da doença, pois prejudica a diversidade dos biomas silvestres, reduzindo a quantidade de predadores naturais do mosquito, como sapos, pássaros, lagartos e peixes. Com a redução dos predadores, a população do mosquito aumenta, já que o mosquito adulto (alado) e também seus ovos e larvas, deixam de ser comidos”, explicou a coordenadora de Educação Ambiental da secretaria, Paula Kaya. “Com a diminuição da diversidade no ecossistema, os mosquitos atacam com mais intensidade os mamíferos, principalmente os macacos, que convivem no mesmo habitat. O desmatamento provoca também a invasão do mosquito em casas próximas à mata”, informou a coordenadora.

Paula alertou as crianças sobre a questão dos animais mortos. “Não se deve tocar em bugios ou micos encontrados mortos. A primeira providência é ligar para a Linha Verde (136), do Ministério da Saúde, que operará através da Vigilância Sanitária do município. Caso não se consiga o contato, ligar para a Secretaria Municipal de Ambiente”, orientou. “Em ambos os casos, os animais serão levados para análise, para detecção da doença”, disse, solicitando que se forem vistos bugios ou micos na mata, não matar, maltratar ou chegar perto dos animais. “Espero que vocês multipliquem essas informações para seus pais, parentes, vizinhos e amigos. Criamos a hashtag #aculpanãoédomacaco, para fixar ainda mais esta mensagem”, completou, informando ainda que nesta quinta-feira outras duas escolas seriam visitadas (no Espraiado e em Jaconé), dentro da área de bloqueio, com o mesmo intuito. O combate à doença é realizado através da vacina, que pode ser tomada a partir dos nove meses. Gestantes, idosos e doentes crônicos devem procurar orientação médica.

Os alunos Francisco da Silva Alves, 9 anos, 3º ano; Isaac Barreto de Andrade, 9 anos, 5º ano; e Arthur Rodrigues Cabral, 4º ano, declararam que irão multiplicar as informações que receberam. “Inclusive, um amigo da família chegou a ver esses macacos mortos. Agora sei que não se pode tocar neles”, comentou Arthur. Segundo a diretora adjunta da escola, Marlete Azeredo, todos os 369 alunos da unidade já foram vacinados. “Os pais também vieram em massa. O carro-fumacê da Vigilância de Vetores tem passado regularmente. A Guarda Municipal, que funciona na frente da escola, está abrigando há uma semana, uma equipe da Secretaria de Saúde que está imunizando todo o bairro”, adiantou.

O casal Sergio Mauro Silva, 49 anos, e a irmã Leila Silva da Cruz, 57, foram vacinar-se no Posto de Vacinação do 2º Distrito, implantado na Guarda Municipal do local. Ambos trabalham em um restaurante próximo à mata. “Ficamos preocupados e viemos tomar a vacina, para evitar problemas”, disse Sergio. Segundo o agente comunitário de Saúde, Lucas Sena, lotado no posto para a campanha, em uma semana foram vacinadas cerca de 5 mil pessoas apenas no Bananal. A meta é vacinar 130 mil pessoas dentro de 30 dias. Mais informações pelo manual “Febre amarela – o que você precisa saber”, disponível no site da Prefeitura.

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