Várias situações que retratam a violência contra mulher e homossexuais foram abordadas - Foto: Araújo José

O Cinema Público Municipal Henfil abriu as portas neste sábado (01/04) para uma discussão sobre a violência contra mulheres. O espetáculo de dança “A Dor da Gente Não Sai no Jornal”, com texto e direção da coreógrafa Karen Ramos, abordou esse tema recorrente e banalizado pela sociedade machista, desigual e injusta. Dançarinas entre 13 e 21 anos, representaram situações de violência física, psicológica, sexual e doméstica, sofridas por mulheres. Bailarinos simularam cenas de violência vividas por homossexuais, também objeto de discriminação na sociedade. O elenco é composto por Igor Silva, Lets Catarina, Natalia Paes, Livia Paes, Fernanda Damasceno, Laura Pereira, Washington Corrêa, Beatriz Santos, Lolla Pereira e Thamyres Berçot. Arranjos vocais de Anisia Rei.

 

A trilha sonora, selecionada e bem conduzida – Tom Jobim (“Luiza”), Chico Buarque (“Geni), Martinália (“A Safada”), Zeca Baleiro (“À flor da pele”), Gal Costa (“Vapor Barato”), Gonzaguinha (“Explode Coração”), entre várias outras canções -, ajuda a entender as situações apresentadas, algumas de maior dramaticidade, como a simulação de estupro, de nudez, outras mais românticas, entremeadas e disfarçadas em meio a uma violência psicológica.

Peças de vestuário feminino na cor branca destacam-se contra o fundo preto do cenário: são vestidos de noiva, de debutantes, de bailarina (“tutu”), blusas e saias imaculadas que remetem à ideia de pureza e inocência, representada pelos padrões tradicionais da sociedade burguesa. As cenas finais propõem, através da entrada das mulheres em um corredor trançado por um grande elástico (“uma cama de gato”), montado como armadilha, a luta como saída e afirmação da mulher em sua identidade de gênero e como ser humano.

Debate

Ao fim do espetáculo, aplaudido de pé, houve debate com o público. A professora Sonia Peres, 57 anos e 32 de profissão, perguntou em que circuito a peça seria apresentada e como as dançarinas tão jovens encarnavam papéis tão sofridos. Ao que diretora Karen Ramos informou que existe o sonho de encenar em praça pública, “É preciso que o tema seja discutido pelo maior número de pessoas possível”, adiantou. A bailarina Fernanda Damasceno respondeu à segunda pergunta, informando que no grupo, a experiência dos mais velhos é transmitida como conhecimento aos mais novos.

A cantora Marlezia Cristine Alves, 20 anos, casada, dois filhos, moradora de Araçatiba, disse estar encantada: “A peça tem uma mensagem clara e convincente, que ajuda a empoderar a mulher na sua luta do dia a dia”, comentou.

O professor da rede estadual de ensino, Leandro Gentil, 31 anos, morador de Itaipuaçu, parabenizou a Prefeitura de Maricá pela iniciativa. “Quando o país está regredindo a um clima de conservadorismo, Maricá avança no plano social e de mentalidades. O repertório foi escolhido a dedo. Parabéns”, disse. A nutricionista Jéssica Nery, 27 anos, também aluna de dança e moradora de Inoã foi com a mãe, Jacira Nery, assistir à peça. “Amei. Espero que haja mais espetáculos de dança na programação do Henfil. Voltarei sempre”, declarou.

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