Imagem da apresentação da roda cultural da praça Orlando de Barros Pimentel
Apresentação da roda cultural na Praça Orlando de Barros Pimentel

Uma pista improvisada de skate, som heavy metal e batalhas de MCs (de “sangue” e de “conhecimento”). Junte-se a isso uma galera ‘descolada’ como platéia interativa. O encontro hip-hop acontece às quintas-feiras, a partir das 19h, no anfiteatro da Praça Orlando de Barros Pimentel, Centro, Maricá, com apoio da Secretaria de Cultura. A abertura da edição desta quinta-feira (23/03), ficou por conta do “homem-banda” Fabio Valadares (Mussum), com sua gaita, violão e bumbo no pé. A seguir, uma apresentação de rap “do conhecimento”, com a turma da Mó Lazer Produções. Depois, vieram os MCs Murilo Barcellos e Medson Rap, com uma simulação de uma batalha “de sangue”. O MC Coruja deu a partida oficial, puxando o lema: “Chamei os MCs para um duelo bang-bang; o que a galera quer ver?”, ao que o público responde: Sangue”.

Essa é a forma que a turma do hip-hop encontrou para nomear as batalhas de frases rimadas nas quais as duplas de MCs desafiam um ao outro (a expressão “Sangue” se refere à paixão com que se entregam às rimas). Assim como os violeiros nordestinos, as batalhas primam pelo improviso, e o melhor é sempre aclamado. Duas duplas disputaram a segunda apresentação: MC Murillo Barcelos e MC Jack, contra MC Claudio e MC Lipi. Venceram Murilo e Jack. Em seguida, veio a simulação (show) de MC Medson X Morcego. Outros se seguiram, sempre voltados para a melhor rima, com a intenção de derrotar o adversário.

Músico, skatista e rapper, Vinícius D’Mozart, 35 anos, casado, pai de três filhos e morador de Araçatiba, fundou a Roda Cultural ainda em 1997. Vinicius participou do Festival da Utopia, no ano passado, com um panorama musical e histórico do blues, com projeção de imagens dos principais músicos e de trabalhadores em fazendas de algodão no sul dos Estados Unidos. “Ali foi onde o blues começou, com músicas de religiosas e de trabalho”, comentou.

A rapper MC May, 24 anos, moradora de Ponta Grossa, estava aguardando a sua vez. May é compositora e tem o apelido de “Novilha Trem Bala” entre os “manos”, porque atropela com rimas seus adversários no palco. “Recebi convite para um trabalho de modelo, depois de ter gravado um clipe cantando um rap de minha autoria. Quanto às passarelas, estou aguardando”, diz May, do alto de seus 1,75 metros de altura e 53 quilos de peso. Para Fabio Valadares, o Mussum, um dos pioneiros do evento, a Roda Cultural é uma oportunidade de se expressar e ter visibilidade. “A cada quinta-feira, surgem novos números, como malabares, poesias, grafite, rock e funk. Aqui há liberdade para quem quiser mostrar sua arte”, comentou.

Segundo o produtor cultural e agente literário da Secretaria de Cultura Bruno Dias, essa é uma maneira de dar visibilidade a um público grande e fiel, mas que nem sempre é ouvido e divulgado. “Existem rodas culturais no Rio de Janeiro, como a de Madureira, que reúnem cerca de 1.500 pessoas a cada semana”, adiantou.

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