CEU com seminário sobre economia solidária

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O Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) recebeu nesta quarta-feira (15/06) o seminário “Cooperativismo, Legado e Desafios Utópicos”. Desenvolvido pela Secretaria Municipal Adjunta de Economia Solidária e Combate à Pobreza, o evento reuniu estudantes e alunos já formados nos cursos realizados pelo Senai, como Confecção de Vestuário e ainda beneficiários dos programas de Economia Solidária, como o Renda Melhor.

O seminário foi dividido em três mesas de debates. A primeira teve como tema “Economia Popular e Solidária e o Desenvolvimento Sustentável no Município de Maricá” e contou com a mediação do secretário adjunto de Economia Solidária, André Braga; do representante da Organização de Cooperativas do Brasil (OCB), Adelson Peçanha; da educadora popular Adriana Cardoso e Filinto Procópio (“Mineirin”), representando o departamento nacional de Cultura do MST.

A primeira fala foi do representante da OCB, Adelson Peçanha, que fez um resgate do desenvolvimento econômico mundial e do cooperativismo. Para Adelson, as cooperativas devem ser pensadas como forma de enfrentamento da miséria. “Não existe cooperativa ruim. Se é ruim, não é cooperativa”, ressaltou. A economia solidária, segundo ele, é uma forma de economia diferente que não tem como principio a competição. “A cooperativa é uma forma de solidariedade e não enfrentamento de poder”, atesta. O representante da OCB falou dos projetos sociais como o Minha Casa Minha Vida e a Moeda Social, acrescentando que deveriam passar a ser gerenciados pelos próprios beneficiados. Ele mostrou ainda a diferença entre as associações e as cooperativas. “Na associação os fins são políticos enquanto nas cooperativas o objetivo é a governança, a gestão produtiva”, finalizou.

O secretario adjunto de Economia Solidária e Combate à Pobreza, André Braga, afirmou ser de suma importância recuperar a essência do modo de produção. “Antes do capitalismo, do feudalismo e de outras formas de economia, o ser humano trocava o excedente”, afirmou. Para ele, é importante pensar nas inovações democráticas, na cultura da democracia. “O principal objetivo do seminário é lavar nosso espirito de consumo, de exploração”, disse.

Adriana Cardoso ressaltou a importância da economia solidária no país. Ela destacou as condições do mercado de trabalho e da exploração a que as mulheres eram submetidas, citando o exemplo das trabalhadoras de uma fábrica de lingerie no Rio que eram obrigadas a se despirem antes e depois do expediente para evitar os furtos. “A mulher se liberta da opressão trabalhista. Quando os organizamos em rede vemos que não estamos sós”, ressaltou. O trabalho cooperativado, segundo ela, trata todos de forma igualitária.

A última fala foi de Filinto Procópio, que deu um panorama sobre a atuação dos camponeses e o legado deixado. "Mineirin", como é conhecido, citou a formação dos sindicatos nos anos 1980 e o lema “Ocupar, Resistir e Produzir”. A cooperativa é uma necessidade, segundo ele, para tirar do caminho o atravessador. “Tivemos boas experiência com grupos da América Latina. A economia popular deve ser pensada com base na solidariedade”, frisou ele, acrescentando que os cursos promovidos pelo MST aprimoraram o conhecimento dos cooperativados. "As alianças com outros grupos são importantes para que o projeto cresça de forma sustentável", completou.

Depois do término da primeira mesa, um almoço foi servido para os participantes. Em seguida, a segunda mesa foi montada com o tema “Incentivo à implantação de Grupos Associativistas e Cooperativas”. Os palestrantes foram Cláudio Prado, da Universidade Fora do Eixo, e Calixto, da OCB. A terceira mesa teve como tema “Marco Legal e Conceituação de Cooperativismo”. Os palestrantes foram Helena Marim, do Sebrae-RJ, Léo Egito Coelho, do Fórum de Cooperativas do Brasil, além de Marcos Diaz, presidente da OCB/RJ.