Carlos Manoel, presente!

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Carlos Manoel (d.): a discreta atuação longe dos holofotes

Incansável profissional do diálogo, mestre em política de conciliação, expert na arte de encontrar saídas, a fala mansa que o tornava perito em aproximação até dos mais ferrenhos antagonistas, um soldado discreto e leal aos ideais históricos da esquerda e do PT e um craque na humildade e elegância no trato com pessoas de todas as classes, cores, tendências e credos.  Falecido prematuramente nesta terça-feira (23/02), aos 57 anos, de parada cardiorrespiratória, o secretário municipal executivo de Gestão do Gabinete do Prefeito e Articulação Governamental, Carlos Manoel Costa Lima, detinha, além de todas essas qualidades, algo que o destacava ainda mais: era alguém que buscava a satisfação pessoal sempre longe dos holofotes. Fazia isso com a mesma discreta obstinação de tentar antever problemas e que levava a luz de sua sala, no gabinete do prefeito Washington Quaquá, a ser sempre a última a ser apagada diariamente, tarde da noite, no Paço Municipal.  

Apenas para citar um exemplo significativo, fez questão de conhecer vários condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida em outros municípios apenas para se prevenir e evitar, nos dois projetos de Maricá, os problemas enfrentados pelos moradores desses lugares.  A ocupação social e a presença do poder público como permanente motor de inclusão nos residenciais Carlos Marighella (Itaipuaçu) e Carlos Alberto Soares de Freitas  (Inoã) são resultados diretos desse trabalho diário, entusiasmado, generoso e atento aos interesses das comunidades mais carentes. “Carlos Manoel foi o sujeito com melhor coração com quem já convivi. Ali não havia um rancor, uma maldade”, definiu o prefeito Washington Quaquá, que decretou luto oficial de sete dias na cidade.

Nascido no bairro de Cavalcante, no Rio, Carlos Manoel Costa Lima tem uma longa e significativa trajetória no cenário político do Rio. Começou como militante do Partido dos Trabalhadores nos anos 70 e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RJ). Metalúrgico de profissão (era Ajustador Mecânico) atuou no sindicato da categoria do Rio, onde foi o primeiro presidente a ser reeleito e liderou a maior greve da história do sindicato. Atualmente, além do cargo estratégico na Prefeitura de Maricá, também ocupava o cargo de Secretário de Finanças do PT-RJ, onde exerceu outros cargos na direção tanto municipal quanto estadual. Participou, ao lado do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, da criação da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida, no início dos anos 90, movimento que transformou o combate à fome em uma iniciativa de solidariedade nacional. O velório será na Câmara Municipal, a partir das 18h desta terça-feira (23/02) e o enterro será nesta quarta-feira (24/02), às 11h, no Cemitério Municipal de Maricá. Deixa viúva, duas filhas e dois enteados.