Pesquisadores iniciam monitoramento de ovos de tartaruga marinha

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Pesquisadores dos projetos federais Aruanã (UFF) e Tamar (Ministério do Ambiente), com apoio da Secretaria Municipal Adjunta de Meio Ambiente, iniciaram nesta terça-feira (29/12), o trabalho de monitoramento do ninho da tartaruga marinha da espécie cabeçuda (Caretta Caretta), cuja desova foi registrada pela primeira vez em uma praia de Barra de Zacarias, Maricá.

Após ter enterrado os ovos, o animal foi visto voltando ao mar por pescadores da área, que fotografaram o fato e o comunicaram à Secretaria Adjunta de Ambiente. Ontem à tarde, por volta das 16h, uma equipe de biólogos mapeou o local e fez medições e cálculos sobre o tempo de eclosão dos ovos. "O  animal possivelmente está em final de idade reprodutiva", avaliou o biólogo Cadu Amorim. "A vida de uma tartaruga marinha está entre 80 e 100 anos. É necessário o monitoramento dos ovos, até a eclosão e a ida dos filhotes para a água", acrescenta. "O percentual de sobreviventes é mínimo, pois os riscos são grandes, desde o nascimento”, completou.
Segundo a bióloga Suzana Guimarães, coordenadora técnica do projeto Aruanã, o tempo para que as tartaruguinhas eclodam é de 45 a 60 dias. “Achamos que esta tenha sido uma de suas últimas posturas na temporada de desova, razão porque saiu um pouco de sua rota", analisou. "A tartaruga marinha retorna ao lugar de sua última desova, motivo porque esta pode até retornar. De qualquer forma, voltaremos sábado para transferência do ninho, devido à tábua de marés, que prevê preamar de até dois metros no domingo”, disse.

A operação foi acompanhada por pescadores de Barra de Zacarias e suas famílias. Luiz Carlos de Matos foi o primeiro a ver o animal, às 5h do domingo (27/12). “Ela havia terminado de desovar e já estava indo embora. Acompanhei seu trajeto até o mar”, comentou ele, que se dispôs a também acompanhar o processo de amadurecimento dos ovos, até sua eclosão. Almir Luís da Costa, 50 anos, é outro dos pescadores que se dispôs a “vigiar” o ninho até a volta dos pesquisadores. “Felizmente, a mentalidade hoje, da maioria, é de preservação, mas ainda há quem tente prejudicar a natureza. Nós pescadores, sempre optamos pela conservação do ambiente, até porque nossa sobrevivência depende dele”, disse.