Regulamentação da capelania em Maricá é tema de seminário

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Além da regulamentação, representantes buscam o livre acesso de capelães qualificados a hospitais, escolas e presídios da região

A Secretaria Municipal Adjunta de Assuntos Religiosos de Maricá promoveu nesta segunda-feira (30/3) um seminário sobre os diferentes tipos de capelania com o tema “Luz e Fé na Ação de Consolar Almas”. O evento ocorreu no auditório do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), na Mumbuca, e teve por objetivo debater a elaboração de uma lei para regulamentar a atividade no município e garantir o livre acesso de capelães qualificados e devidamente identificados a hospitais, escolas e presídios da região.

Representantes de diversas correntes religiosas participaram do debate, mediado pelo secretário municipal adjunto de Assuntos Religiosos, pastor Sérgio Luiz de Souza, que destacou a importância da diversidade no exercício da capelania. 

“Há um trabalho não oficial em andamento na cidade e que fica condicionado às regras das instituições. O que queremos é garantir que o acesso seja franqueado aos capelães credenciados e, para isso, vamos propor a regulamentação e a criação de um documento de identificação para os profissionais. Além disso, queremos ampliar o trabalho para todos os segmentos religiosos para que a pessoa se sinta confortável ao falar de seu problema e para que o capelão, no caso de uma orientação religiosa diferente da dele, não incorra no erro de transformar o ato numa pregação”, pontuou o secretário.

Um dos palestrantes foi o padre Fernando Quelho, capelão da Polícia Militar, que disse participar pela primeira vez de uma iniciativa de governo neste setor. “A Constituição prevê esse trabalho que realizamos e há estudos que comprovam sua importância no tratamento a pessoas enfermas. É parte da humanização da saúde e no setor prisional que é necessária”, avaliou o padre.

Além dele, palestraram os também capelães Washington Campello e o pastor Douglas Xavier que apontou o que considera mais importante na capelania. “O aconselhamento é a mola mestra do trabalho de um capelão, é o que define o sucesso de sua atuação por ter uma grande força sobre quem precisa”, decretou.

Representantes das religiões de matriz africana também consideraram a iniciativa de suma importância. “Tem muita gente da nossa fé que fica desamparada em certas horas por não haver gente especializada em capelania, que está prevista, por exemplo, no estatuto do nosso terreiro, além de ser um ato de caridade que devemos priorizar”, afirmou Simone Silva Miranda, a Mãe Sinome de Iemanjá, que atua no terreiro de umbanda Morada de Iemanjá, em Ponta Grossa.

Para o assessor de assuntos afro-religiosos da Secretaria Municipal Adjunta de Assuntos Religiosos, babalorixá Jonas Liminha, a atitude do governo de regulamentar o trabalho dos capelães é importante e necessário para todos os segmentos espirituais. “O que estamos realizando aqui representa a quebra de um estigma antigo, pois a capelania vem sendo há muitos anos associada ao cristianismo, sendo que nós das religiões afro também a exercemos e, agora, teremos a chance de nos qualificar para isso. É muito bom para todos nós”, comemorou Liminha, que é também presidente da Fonte para Orientação Religiosa de Matrizes Africanas (FORMA).